As competências socioemocionais estão presentes na vida das pessoas, pois afetam diretamente os aspectos pessoais, sociais, acadêmicos e profissionais. Hoje em dia, o mercado de trabalho vem levando em consideração essas competências na hora de recrutar candidatos. As competências socioemocionais, se desenvolvidas logo cedo, podem trazer benefícios a longo prazo para a vida dos alunos, em todos os aspectos, inclusive em sua entrada no mercado de trabalho. Além disso, segundo a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), o desenvolvimento das competências socioemocionais ajuda a lidar com o bullying na escola.
Segundo um artigo publicado no portal da BNCC, o professor deve ter pleno conhecimento dessas competências, para amparar e acompanhar os alunos para a execução delas.
O artigo cita a CASEL (sigla em inglês de Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning), uma organização sem fins lucrativos que faz estudos sobre aprendizagens socioemocionais, aponta a importância do investimento das competências socioemocionais para os benefícios no desempenho escolar e para uma sociedade pró-social.
Portanto, o desenvolvimento dessas competências é importante para crianças, jovens e adultos, fazendo com que as aprendizagens socioemocionais, desde a infância, na educação básica, as crianças adquiram habilidades que levarão para todas as etapas e cenários de sua vida, assim, conseguindo lidar da melhor forma possível e madura em diversas situações.
As instituições de ensino que aplicam esse tipo de aprendizagem e desenvolvem as competências socioemocionais colaboram para o futuro de seus discentes e ajudam a construir uma sociedade responsável, empática e consciente.
De acordo com a definição da CASEL “a aprendizagem social e emocional” (SEL, sigla em inglês de Social and Emotional Learning) como parte integrante da educação e do desenvolvimento humano. É o processo através do qual todos os jovens e adultos adquirem e aplicam os conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver identidades saudáveis, gerenciar emoções e alcançar objetivos pessoais e coletivos, sentir e mostrar empatia pelos outros, estabelecer e manter relacionamentos de apoio e fazer decisões responsáveis e cuidadosas.”
As competências socioemocionais são:
- Autoconsciência: Está relacionado com o conhecimento de cada pessoa, seus pontos fortes e suas limitações, com otimismo, objetivando o crescimento;
- Autogestão: É gerenciamento do estresse, manter o controle dos impulsos e estabelecer metas;
- Consciência social: Trabalha a empatia, como é estar no lugar do outro e respeito à diversidade;
- Habilidades de relacionamento: São as habilidades de ouvir com empatia, falar de modo claro e objetivo, atuar em conjunto, resistir a coerções sociais (como o bullying), solução dos conflitos de maneira respeitosa e construtiva e oferecer auxílio a quem precisar;
- Tomada de decisão responsável: São as escolhas pessoais e as relações sociais em conformidade com a segurança e os padrões de ética da sociedade.
É a partir dessas competências que se criam habilidades emocionais que refletirão na vida dos alunos e os acompanharão. As habilidades são: empatia, felicidade, autoestima, ética, paciência, autoconhecimento, confiança, responsabilidade, autonomia e criatividade.
Na obra “Mediação da Aprendizagem” (2007), Carlos Meier e Sandra Garcia apresentam alguns critérios de mediação pautados em Reuven Feuerstein, professor e psicólogo, combinados a ações baseadas nas competências socioemocionais que podem ser utilizados em sala de aula, são eles:
- Intencionalidade e reciprocidade: Devem ser desenvolvidas metas e objetivos claros e concretos por parte do educador, para que haja mais reciprocidade entre os alunos;
- Significado: Os conceitos acerca dos temas trabalhados em sala de aula devem ser bem explicados, certificando-se que os alunos compreenderam;
- Transcendência: As aprendizagens devem ser articuladas para que transcendam o “aqui e agora”, contribuindo com que o aluno pense sobre o que foi “dito e feito”;
- Competência: O educador deve mostrar que o aluno tem capacidade de aprender, motivando-o e contribuindo com sua autoestima. Os conteúdos aplicados devem se adequar ao nível de conhecimento do aluno. O feedback do aluno é imprescindível;
- Regulação e controle do comportamento: O educador deve ajudar o aluno a moderar seu comportamento diante de situações distintas, principalmente as que causam estresse. O diálogo e a reflexão entre os alunos devem ser fomentados;
- Compartilhar: Deve ser reforçado o senso de coletividade, respeito em sala de aula e o controle das emoções. Debates e trocas de ideias são importantes;
- Individuação e diferenciação psicológica: As diferenças entre cada um devem ser valorizadas, tornando os alunos conscientes das singularidades e que podem conviver com as diferenças;
- Planejamento e busca por objetivos: O educador pode ajudar o aluno na busca por suas metas (sendo elas claras, objetivas e respeitosas) e no planejamento da execução de maneira viável;
- Procura pelo novo e pela complexidade: O educador deve propor e incentivar que os alunos resolvam desafios de maneira respeitosa;
- Consciência da modificabilidade: O educador deve sempre explorar diferentes estratégias e maneiras de ensino, apoiando seus alunos e acompanhando aquele que ainda não conseguiu dominar o conteúdo;
- Sentimento de pertencimento: O educador deve ajudar seus alunos a encontrarem grupos que possuam gostos em comum e criem identificação;
- Construção do vínculo: Deve-se estabelecer vínculo entre professor e alunos.
As competências socioemocionais devem ser trabalhadas em conjunto com as disciplinas tradicionais. O professor deve encontrar a melhor maneira de aplicá-las em sala de aula, buscando cursos e materiais de apoio para auxiliá-lo e incentivá-las fora do ambiente escolar, para que os alunos realizem exercícios e atividades junto com seus pais.
O professor pode trabalhar com as competências socioemocionais de maneira prática, com atividades em grupo ou ensinando os alunos a praticarem pensamentos otimistas, com a psicologia positiva.
Com a psicologia positiva, o professor se coloca mais próximo do aluno e compreende suas angústias e frustrações. Sabendo como o aluno se sente, o professor incentiva a autoestima do aluno, motivando-o a continuar seu desempenho escolar. É sempre importante que a elaboração de novas propostas pedagógicas estejam alinhadas ao Projeto Político Pedagógico da escola, sendo assim, para que haja essa aproximação entre aluno e professor, é importante que seja inserido a afetividade na grade curricular, como proposta pedagógica. Essa proposta pedagógica, que traz a afetividade para a grade curricular, é conhecida como pedagogia afetiva e podem ser encontrados livros, cursos, palestras, webinars sobre o assunto para auxiliar o trabalho do professor em sala de aula.
No Caderno de Boas Práticas dos Professores das Escolas de Tempo Integral, há alguns exemplos de práticas para o desenvolvimento das competências socioemocionais. Algumas delas são: elaborar atividades em conjunto ou individuais em que os alunos possam realizar textos; rodas de leitura; apresentações de trabalhos; pesquisas; brincadeiras; jogos; e criação de um jornal da turma.
A BNCC explica como a última atividade mencionada poderia funcionar e se utilizar das competências socioemocionais. Para a criação do jornal, o professor pode realizar uma roda de conversa para verificar de cada aluno seus pontos fortes e suas limitações (competência da autoconsciência), a partir disso, ajudar os alunos a tomar decisões sobre os assuntos a serem pesquisados (competências de autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável).
Durante a elaboração da atividade, o professor pode incentivar a valorização da reciprocidade, a importância e o que envolve a produção escrita, a habilidade e aptidão de cada um e do grupo, a valorização de compartilhar, o respeito às particularidades e diferenças e a mediação de conflitos.
Para um ensino integral e o preparo dos alunos, as instituições de ensino devem auxiliar no desenvolvimento das competências socioemocionais desde a infância, pois somente dessa forma se tornarão jovens e adultos responsáveis e determinados a saberem o que querem para seu futuro, que sabem conviver em sociedade, lidar com suas emoções e com as situações do dia a dia, tornando o ambiente escolar e social mais respeitoso e empático, além de se adequarem às exigências do mercado de trabalho.
Referências Bibliográficas
Base Nacional Comum
Casel
Diário Escola
MEIER, Marcos; GARCIA, Sandra. Mediação da aprendizagem: contribuições de Feuerstein e Vygotsky. Curitiba: Edição do Autor, 2007.
Prova Fácil na Web
Caderno de Boas Práticas dos Professores das Escolas de Tempo
Unisociesc