Temos falado muito aqui sobre a recomposição da aprendizagem, mas sempre é bom apresentarmos algumas orientações mais práticas, para que a aplicação seja mais segura. Seguem então seis dicas para o desenvolvimento de seu plano de recomposição.
1 – Analisar as avaliações
Se um dos primeiros procedimentos da escola é o desenvolvimento de avaliações diagnósticas (ou o uso do SAEB), sua primeira providência, professor(a), é a análise do desempenho da classe e de cada estudante, comparando-o com o de outras turmas.
A partir dessa avaliação, você saberá quais habilidades estão defasadas para a turma e para certos estudantes e com isso poderá avaliar quais serão as melhores estratégias pedagógicas a serem empregadas nesta recomposição da aprendizagem.
2 – Escolher as estratégias pedagógicas de aprendizagem
Muito antes da pandemia, a maneira tradicional de ensino, em que somente o professor fala, já não estava funcionando. Novos métodos e metodologias foram testados e aprovados em muitas instituições ao redor do mundo. É sua tarefa analisar quais dessas metodologias e melhores práticas devem ter melhor resultado para resolver as dificuldades de seus alunos.
Métodos como rotação de estações, sala de aula invertida, investigação científica, aprendizagem por projetos, aprendizagem por problemas e outros podem servir melhor em uma conjuntura que em outra, e cabe a você implementá-los de maneira planejada e atenta.
3 – Agrupar alunos com habilidades complementares
Os trabalhos em grupo são usados em sala de aula há décadas, mas nem sempre com o resultado esperado. Isso se deve ao fato de que grupos formados aleatoriamente ou de acordo com “panelinhas” já existentes só funcionam bem por muita sorte, e a educação não pode ser deixada ao acaso.
É importante formar grupos estrategicamente, com base nas habilidades e características demonstradas por cada aluno, de modo que cada grupo possua, em conjunto, as habilidades necessárias para resolver os desafios propostos.
Um erro a se evitar é agrupar alunos de acordo com sua proficiência, pois isso tende a estigmatizar o grupo “mais fraco”. Menos ainda se deve agrupar alunos de idades diferentes porque têm as mesmas dificuldades: os alunos mais velhos vão se ressentir por terem de assistir aula com os “menores”.
Lembre-se de que um estudante pode estar atrasado em português e avançado em matemática, e vice-versa. O ideal é que somente você saiba qual é a proficiência de cada aluno e use essa informação para montar grupos em que um estudante possa ajudar o outro na tarefa, homogeneizando a aprendizagem dentro daquele grupo – e, por fim, da classe.
4 – Envolver os estudantes no planejamento
Já sabemos que o estudante de hoje só aprende se ele se sentir envolvido com a matéria ou com a aula. Tirando os raros alunos que já têm um interesse especial por uma matéria e aprenderiam de qualquer maneira, os demais precisam ser motivados, e uma das principais formas de motivação é o envolvimento no processo.
Em vez de fazer todo o trabalho de planejamento, defina objetivos e metas e coloque os alunos para ajudar a identificar os passos que devem ser tomados para atingi-los. Procure chegar a um consenso sobre a necessidade de cada aprendizado e sobre cada processo a ser seguido pela classe para que ele aconteça.
5 – Planejar a aprendizagem de maneira flexível
Se seu objetivo é recompor a aprendizagem essencial necessária aos estudantes para as próximas etapas do processo educacional, não vale a pena se prender demais ao currículo desenhado para o ano antes da pandemia. Esse currículo precisa ser subordinado às habilidades que devem ser construídas, não o contrário.
No planejamento de sua aula, deve haver espaço para discussões, avaliações imediatas, retomadas, explicações de pontos ainda não entendidos por todos e eventual apoio individual para estudantes que, apesar dos cuidados tomados, ainda têm dificuldades.
6 – Estabelecer metas e critérios para avaliar o resultado
Uma vez que os resultados esperados estão definidos — com as competências e habilidades esperadas para os alunos —, ainda é necessário avaliar o andamento da turma e de cada aluno nesse processo.
Isso pode significar avaliações feitas sob medida para seu planejamento, a serem aplicadas com a frequência necessária para que ainda seja possível corrigir o curso se os resultados não estiverem bons.
O processo de recomposição de aprendizagem é difícil e pode ser árduo, mas seguindo essas dicas você poderá montar um plano infalível para levar seus alunos a realizarem seu potencial.