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Categories Educação Neurociência Nivelamento escolar Transtornos de Aprendizagem
Caligrafia ruim ou dificuldades para escrever não são, necessariamente, resultados de desinteresse do aluno ou um plano pedagógico ruim. Na verdade, de uma forma parecida com a discalculia, existe um transtorno que pode transformar o simples processo de escrever em um enorme desafio para a criança: a disgrafia.

No artigo de hoje, vamos falar tudo o que você precisa saber sobre a disgrafia, como saber diferenciar ela de outros transtornos, como a dislexia, e o que você deve fazer ao encontrar alunos com esse problema. Lembrando que já temos uma matéria que fala sobre a discalculia, relacionada à dificuldade de aprendizagem em matemática. Para acessá-la, basta clicar no link abaixo:

O que é Disgrafia?


A disgrafia é um transtorno de aprendizagem que afeta a capacidade do aluno de escrever de forma clara, legível e organizada. Isso significa que crianças com esse transtorno não escrevem mal por falta de inteligência ou preguiça, mas sim devido a uma dificuldade neurológica que interfere na coordenação motora fina e no processamento das informações necessárias para a escrita.

Além disso, a disgrafia pode ser classificada por sua origem e em diferentes tipos, que possuem características bem distintas. A seguir, vamos comentar mais sobre cada um deles.

Tipos de disgrafia por origem


Disgrafia por desenvolvimento


Esta é a origem mais comum de disgrafia. Normalmente, ela é diagnosticada durante o processo de aprendizagem da escrita ainda na infância. Diferente da adquirida, ela não está associada a uma lesão cerebral específica ou trauma, mas sim a dificuldades no desenvolvimento das habilidades necessárias para a escrita, como percepção visual, organização espacial ou coordenação motora fina.

Disgrafia adquirida


Mais comum em adultos, a disgrafia adquirida ocorre em pessoas que já tinham uma escrita normal, mas perdem a capacidade devido a uma lesão cerebral como, por exemplo, trauma cranioencefálico e acidente vascular cerebral, ou doenças neurológicas. Nesses casos, a pessoa desaprende a escrever, ou sua escrita sofre um comprometimento considerável.

Tipos de disgrafia por aspecto afetado


Disgrafia motora


A disgrafia motora, também chamada de discaligrafia, é o tipo mais conhecido. Aqui, o problema central está na coordenação motora fina e na execução física da escrita. A pessoa tem dificuldade em realizar os movimentos precisos para escrever as letras, resultando em diversos problemas.

Disgrafia espacial


Como o nome sugere, esse tipo de disgrafia, também chamada de visuoespacial, tem sua principal dificuldade ligada à organização espacial da escrita na página. Isso significa que a criança pode ter problemas em manter a escrita dentro das linhas e margens, dificuldades em escrever letras com proporções consistentes, utilizar espaçamento inconsistente entre palavras e linhas, entre outros.

Disgrafia linguística


Embora a seja primariamente um problema de escrita, a disgrafia linguística se aproxima mais das dificuldades de processamento da linguagem. A caligrafia pode até ser razoável, mas a criança apresenta muitos erros ortográficos, gramática e sintaxe. Isso acontece devido a dificuldades:

  • Fonológica: quando o aluno tem problema para converter os sons em letras, especialmente em palavras novas ou pseudopalavras. Nesses casos, a criança depende muito da "rota lexical" (memória visual de palavras);

  • Lexical: dificuldade em utilizar a memória visual para escrever palavras já conhecidas - especialmente aquelas com ortografia irregular (que não seguem as regras fonéticas). O aluno tende a soletrar as palavras foneticamente, o que pode levar a erros em palavras homófonas.


Como saber se um aluno tem disgrafia?


Identificar um aluno com disgrafia é uma tarefa complexa. Para isso, o professor deve observar um conjunto de sinais persistentes que afetam a escrita da criança. É importante deixar claro que a “letra feia”, por si só, não é suficiente para o diagnóstico

Existem muitos fatores que podem influenciar a caligrafia, sendo que a disgrafia é um transtorno mais abrangente. Para justificar a suspeita desse transtorno, é importante identificar dois ou mais dos seguintes sintomas:

Caligrafia Ilegível ou dificuldade na formação das letras:

  • Letras malformadas, incompletas, com tamanhos e formas inconsistentes;

  • Espaçamento irregular entre letras, sílabas e palavras (muito juntas ou muito separadas);

  • Dificuldade em manter as letras na linha ou dentro das margens;

  • Mistura de letras maiúsculas e minúsculas ou de diferentes tipos de letra (cursiva e bastão) na mesma palavra ou frase;

  • Traçado excessivamente forte (chega a furar o papel) ou muito fraco.


Lentidão excessiva ao escrever:

  • O aluno demora muito mais tempo que os colegas para completar tarefas escritas;

  • Pode parecer que ele "luta" com cada letra, em vez de escrever com fluidez.


Problemas de coordenação motora fina relacionados à escrita:

  • Manuseio inadequado do lápis (muito forte, muito frouxa, dedos em posições incomuns);

  • Dor ou cãibras na mão/braço ao escrever;

  • Postura corporal tensa ou incomum durante a escrita;

  • Dificuldade em realizar outras tarefas de coordenação motora fina (amarrar cadarços, usar tesoura, abotoar roupas).


Organização e estruturação do texto:

  • desorganização visual na folha: textos desordenados, com rasuras excessivas, borrados;

  • dificuldade em organizar os pensamentos de forma coerente no papel, mesmo que o aluno consiga expressá-los oralmente;

  • dificuldade em planejar o espaço, fazendo com que o texto fique "espremido" no final da linha ou página.


Dificuldades ortográficas e gramaticais (nem sempre presentes, mas podem coexistir):

  • erros ortográficos frequentes que não correspondem à idade ou ao nível de ensino;

  • omissão, inversão ou substituição de letras e sílabas;

  • problemas com pontuação e gramática;

  • esses sinais podem indicar também disortografia, que frequentemente está associada à disgrafia.


Frustração e aversão à escrita:


  • o aluno pode evitar tarefas que envolvam escrita;

  • apresenta baixa autoestima ou ansiedade ao ser solicitado a escrever.


O que fazer ao identificar um aluno com disgrafia?


Ao identificar os sinais da disgrafia de forma persistente, ao ponto de prejudicar significativamente o desempenho do aluno em sala de aula, é crucial que o professor converse com a família e indique uma avaliação profissional. O diagnóstico desse transtorno requer uma abordagem multidisciplinar, exigindo exames com neurologistas, psicopedagogos, neuropsicólogos, entre outros.

É fundamental que o diagnóstico seja realizado por especialistas, pois a disgrafia é um transtorno complexo e sua intervenção é mais eficaz quando direcionada às necessidades específicas do aluno. O apoio e as adaptações adequadas podem fazer uma grande diferença no desenvolvimento acadêmico e na autoestima do estudante.

Como promover a inclusão de alunos com disgrafia


A disgrafia, semelhante a outras condições neurodivergentes, pode representar um desafio considerável para a participação plena do estudante em sala de aula, impactando também o educador. Mas, como podemos fomentar a inclusão de crianças que enfrentam essa dificuldade na escrita?

No terceiro episódio do Podcast “Educação na Mesa”, conversamos com a neuropsicopedagoga Milena Trimer sobre estratégias para incluir alunos com TDAH, TOD e TEA no ambiente escolar. Embora o foco desse debate específico tenha sido esses outros transtornos, muitos dos princípios de inclusão abordados podem ser adaptados para apoiar estudantes com disgrafia. Você pode assistir à entrevista completa em nosso canal, acessando o link abaixo:

 
Professora sorridente em sala de aula segurando livro vermelho, representando inspiração de mulheres brasileiras na história.
Categories Cultura Dicas de Aula Educação História

Cinco mulheres brasileiras esquecidas pela história que merecem lugar nas salas de aula


A história brasileira é rica em figuras importantes de ambos sexos. Contudo, infelizmente, não temos o costume de abordar grandes nomes femininos de nossa história - o que é uma pena, vide a enorme contribuição que muitas mulheres tiveram na construção na cultura e sociedade do Brasil.

Por isso, no artigo de hoje, separamos cinco mulheres brasileiras que deveriam ser mais estudadas na escola, os motivos para essas escolhas e como você pode utilizá-las em sala de aula. Aproveitando, recentemente, publicamos uma matéria sobre a Semana da Cultura Nordestina e algumas dicas de como você pode trabalhar em aula. Para acessá-lo, basta clicar no link abaixo:

Maria Quitéria: a primeira militar brasileira


Figura heroica na Guerra da Independência do Brasil contra Portugal, Maria Quitéria de Jesus desafiou rígidas expectativas sociais da época, que limitava às mulheres apenas papéis domésticos. Com um forte desejo de lutar pela liberdade de sua terra, Quitéria, em um ato de ousadia e disfarce, cortou os cabelos, vestiu-se com roupas masculinas e se apresentou para o alistamento em 1822, ocultando sua identidade.



A determinação e habilidades militares da baiana logo foram notadas e, mesmo após sua identidade feminina ter sido descoberta, ela foi mantida nas forças armadas e se destacou em combate - tornando-se, assim, a primeira mulher a servir oficialmente em uma unidade militar no Brasil.

Por sua coragem e dedicação à causa da independência, foi promovida a alferes e condecorada com a Imperial Ordem do Cruzeiro pelo próprio Dom Pedro I. Maria Quitéria se tornou um símbolo de força, quebra de barreiras de gênero e patriotismo, sendo hoje reconhecida como uma das grandes heroínas nacionais do Brasil.

Maria Felipa de Oliveira: um dos símbolos esquecidos da independência do Brasil


Conterrânea de Maria Quitéria, Maria Felipa de Oliveira também foi uma heroína da Guerra da Independência do Brasil na Bahia. Ela atuou ativamente nas lutas pela libertação do domínio português na Ilha de Itaparica, organizando e liderando um grupo de mulheres e homens que ficou conhecido como o “Batalhão das Heroínas". 



A atuação de Maria Filipa foi crucial para a resistência em Itaparica e para a eventual expulsão dos portugueses da Bahia. Sua história, embora por muito tempo menos conhecida que a de outras heroínas, simboliza a participação fundamental de mulheres e da população negra e mestiça na construção da independência do Brasil.

Cora Coralina: prova que idade não deve ser um fator limitante


Pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, Cora Coralina foi uma das mais importantes poetisas e contistas brasileiras do século XX. Nascida em 1889, na cidade de Goiás–GO, a antiga capital do estado, ela teve uma vida marcada pela discrição e pela dedicação à doçaria, ofício que exerceu por muitos anos para sustentar sua família.



A vida literária de Cora Coralina só ganhou reconhecimento na velhice, quando publicou seu primeiro livro, "Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais", em 1965, aos 76 anos. Cora faleceu em 1985, aos 95 anos, mas deixou um importante legado na literatura brasileira, sendo admirada por sua autenticidade e por demonstrar que a arte e o reconhecimento podem florescer em qualquer etapa da vida.

Zilda Arns: referência mundial na saúde infantil


Zilda Arns foi uma médica, pediatra e sanitarista brasileira. Seu trabalho é notável pela incansável dedicação à saúde pública e à redução da mortalidade infantil. Sua paixão por ajudar os mais vulneráveis a levou a fundar a Pastoral da Criança - uma iniciativa cujo objetivo era capacitar líderes comunitários a orientar famílias carentes sobre práticas de saúde básica e desenvolvimento infantil por meio de uma metodologia simples e eficaz.



Sob a liderança de Zilda, a Pastoral da Criança expandiu-se rapidamente, tornando-se uma das maiores e mais importantes organizações de combate à desnutrição e mortalidade infantil no mundo. O trabalho da Pastoral, baseado na solidariedade e na disseminação de conhecimento prático, resultou em uma significativa queda nas taxas de mortalidade infantil nas comunidades onde atuava, salvando milhões de vidas. Por sua dedicação e impacto social, Zilda Arns recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais.

Clementina de Jesus: resgatou a identidade afro-brasileira


Conhecida carinhosamente como “Rainha Quelé”, Clementina de Jesus foi uma das maiores e mais autênticas vozes da música do Brasil, sendo um verdadeiro ícone tanto do samba, quanto da cultura afro-brasileira. Nascida em 1901 em Valença, Rio de Janeiro, Clementina teve uma vida de dedicação ao trabalho doméstico e só iniciou sua carreira artística profissionalmente aos 63 anos.

Ela revisitou sambas antigos, jongos, cânticos de candomblé e outros ritmos tradicionais que estavam à beira do esquecimento, preservando e difundindo um rico patrimônio cultural. Por isso, sua presença nos palcos e estúdios era um ato de resistência e celebração da identidade afro-brasileira. 



Clementina também colaborou com grandes nomes da MPB, como Elton Medeiros e Candeia, e participou de importantes espetáculos e gravações que a consolidaram como uma figura essencial. Seu legado imaterial de valor é incalculável e continua a inspirar novas gerações de artistas a manter viva a memória e a força da cultura popular brasileira.

Por que a história dessas mulheres em sala de aula?


Trabalhar a história dessas mulheres em sala de aula é de suma importância por diversas razões. Primeiramente, essas figuras quebram o estereótipo de que a história é feita apenas por grandes homens, revelando o papel fundamental e muitas vezes invisibilizado das mulheres em diferentes épocas no Brasil.

Ao apresentar exemplos de coragem, liderança, criatividade e resistência feminina, os alunos – tanto meninos quanto meninas – são expostos a modelos inspiradores que contribuíram significativamente para a sociedade, independente das limitações sociais presentes no contexto de sua época.
Grupo de crianças assistindo a uma apresentação ou aula em ambiente escolar, em uma sala bem iluminada, com atenção voltada para o que está acontecendo.
Categories Atividades Cultura lúdico
O Oscar 2025, como de praxe nos últimos anos, teve uma disputa muito acirrada no prêmio de melhor animação - vencido pelo belíssimo filme Flow. E a melhor parte é que todas as animações, com exceção de Memórias de um Caracol (voltado para o público adulto), trazem ótimas oportunidades para serem trabalhadas em aula.

No artigo de hoje, vamos apresentar, sem spoilers, um pequeno resumo sobre quatro das animações indicadas ao Oscar, incluindo o vencedor, para qual faixa o filme é indicado e como você pode utilizá-los em sua sala de aula.

Wallace & Gromit: Avengança - criatividade e contato com um “novo” formato de arte


Produzidos em stop-motion, técnica de animação que consiste em criar a ilusão de movimento através da sequência de imagens, os filmes da série Wallace & Gromit, por si só, já são um prato cheio de diversão para as crianças, principalmente as da Educação Infantil. As narrativas são focadas no inventor atrapalhado Wallace e seu fiel e inteligente companheiro, o cachorro Gromit, e sempre surpreendem pela criatividade e pelo característico humor britânico.

Em “Avengança”, a dupla precisa enfrentar um antigo conhecido após uma das invenções de Wallace, como de costume, sair do controle. O filme faz uma crítica sutil e engraçada à dependência tecnológica cada vez maior de nossa sociedade e promete prender a atenção das crianças com a criatividade dos cenários e da engenhosidade das criações do inventor.

Com um cenário cada vez mais marcado por animações feitas em computação gráfica, Wallace & Gromit surge como uma oportunidade de apresentar aos seus alunos um modelo artístico diferente - pouco comum atualmente. E você pode estimular a criatividade das crianças ao propor uma atividade de replicar cenas, invenções ou personagens do filme com massinha de modelar.

O Robô Selvagem - a importância da empatia e tolerância


Adaptação de uma série de livros criadas pelo autor Peter Brown, o Robô Selvagem era apontado por muitos como o favorito à premiação do Oscar de Melhor Animação - não à toa. O filme conta a história de Roz, uma robô inteligente criada para executar qualquer tarefa que acaba naufragada em uma ilha habitada apenas por animais selvagens.

Para sobreviver ao novo ambiente enquanto aguarda o resgate, Roz precisa aprender a se adaptar à flora e fauna da ilha, fazendo amizade com uma raposa e um pequeno ganso órfão. Assim como o filme anterior em nossa lista, Robô Selvagem aborda o tema da tecnologia, desta vez em um conflito com a natureza. Contudo, ele também passa valores importantes, como respeito, empatia, tolerância e a importância em aprender a adaptar-se em ambientes diferentes.

A jornada de Roz para entender e se conectar com os animais da ilha ilustra a importância de se colocar no lugar do outro e respeitar as diferenças. Além disso, a aceitação mútua entre Roz e os animais, apesar de suas naturezas distintas, ressalta a importância da tolerância e da superação de preconceitos. Dessa forma, o Robô Selvagem pode ser utilizado para promover debates sobre pautas importantes como bullying, inclusão e diversidade - especialmente para alunos do Ensino Fundamental na fase de transição dos Anos Iniciais para os Anos Finais.

Divertida Mente 2 - como lidar com as emoções durante a puberdade


Sequência da aclamada animação de 2015, “Divertida Mente 2” pode até não ter conquistado uma estatueta como seu antecessor, mas sua qualidade faz jus à indicação ao Oscar de Melhor Animação. A trama segue a história da protagonista Riley que, desta vez, precisa lidar com a puberdade e o surgimento de novas emoções.

A história acontece durante um acampamento de verão onde a protagonista descobre que suas amigas de longa data vão mudar de escola no próximo ano letivo. Ao mesmo tempo, as emoções de Riley (alegria, tristeza, raiva e medo) precisam lidar com o surgimento de novas companheiras (ansiedade, tédio e timidez) em um conflito pelo comando da vida da personagem.

O filme Divertida Mente 2 pode ser abordado em sala de aula de diferentes maneiras, sendo especialmente indicado a alunos do Ensino Fundamental Anos Finais que compartilham não só a mesma faixa etária, como também os mesmos dilemas da protagonista. Desta forma, é possível debater temas comuns no universo dos adolescentes, como o conceito de identidade e como ela é construída ao longo do tempo, discutir a tomada de decisões e as consequências das ações baseadas em diferentes emoções e explorar as pressões sociais e a busca por pertencimento em grupos.

Flow - superando as diferenças em prol do bem maior


Talvez a grande surpresa do Oscar 2025, o filme Flow conquistou merecidamente o prêmio de melhor animação por apresentar uma narrativa criativa e extremamente tocante, mesmo sem nenhum diálogo verbal entre os protagonistas. Chamado originalmente de Straume (que, em letão, significa fluxo ou corrente), Flow conta a história de animais afetados por uma inundação que atinge uma floresta.

Uma das características mais marcantes no filme é a relação de parceria construída entre os animais de diferentes espécies que tentam sobreviver à enchente. Flow tem potencial para tocar profundamente professores e crianças e, sem deixar spoilers, recomendamos que você fique até o final para assistir à emocionante cena pós-créditos.

Você pode trabalhar de diferentes formas com essa animação em sala de aula. Professores de língua portuguesa e artes, por exemplo, podem abordar como os personagens se comunicam sem palavras, instigando os alunos a analisarem a linguagem corporal, as expressões faciais e os sons emitidos pelos animais para discutir a importância da observação e da escuta ativa para a compreensão mútua. 

Também é possível refletir sobre a empatia e a capacidade de se colocar no lugar do outro, mesmo sem entender a sua "língua", e debater conceitos como altruísmo, egoísmo, solidariedade e conflito, já que há momentos em que o gato precisa renunciar seus instintos solitários em prol da sobrevivência do grupo.

Já pensou em criar um Clube de Cinema em sua escola?


Atividades como clubes culturais são muito comuns em escolas nos Estados Unidos, França e Japão. Eles surgem como uma excelente ferramenta para promover o contato dos alunos com novas experiências de aprendizado que podem até mesmo servir de inspiração para seguir uma carreira no futuro. Um dos mais populares, que inclusive temos no Colégio Etapa, é o Clube do Cinema, que estimula o contato dos alunos com obras clássicas do cinema, além de promover debates sobre diferentes assuntos.

No episódio 11 do Podcast Educação na Mesa, recebemos o professor de História e Coordenador do clube de cinema do Colégio Etapa, Thomas Wisiak, para debater a importância do cinema como recurso pedagógico. Além disso, trouxemos dicas que vão ajudar você a montar um Clube de Cinema em sua escola. Para conferir o episódio na íntegra, acesse o link abaixo:

 
Garotinha com expressão de esforço tentando entender conceitos de matemática na lousa, ilustrando dificuldades relacionadas à discalculia.
Categories Educação Inclusiva Neurociência Transtornos de Aprendizagem
A matemática em si é uma disciplina desafiadora. Por isso, é comum que pessoas enfrentem alguma dificuldade ocasional com números, fórmulas e, principalmente, conceitos. Contudo, existe uma condição neurológica específica que pode dificultar ainda mais o processo de aprendizagem da pessoa, chamada de discalculia.

Saber diferenciar a dificuldade em matemática da discalculia é crucial tanto para o aluno, quanto para o professor. Por isso, no artigo de hoje, vamos abordar mais sobre esse transtorno de aprendizagem, o papel do professor nesses casos, além de estratégias para lidar com crianças com discalculia.

O que é a discalculia?


A discalculia é um transtorno neurológico específico de aprendizagem em matemática. Por isso, é importante ressaltar desde o início que a dificuldade do aluno em aprender sobre essa matéria não é questão de falta de esforço ou inteligência, muito menos despreparo do professor. Aliás, indivíduos com discalculia podem até mesmo ser talentosos e ter desempenho acima da média em outras áreas.

Porém, alunos com discalculia, especialmente crianças, enfrentam barreiras persistentes para processar informações numéricas e até mesmo realizar operações básicas - questões que podem perdurar até a vida adulta e trazer um enorme prejuízo à sua qualidade de vida no futuro. Para explicar de uma forma ainda mais fácil, é possível fazer um comparativo entre a discalculia com a dislexia - mas, para números. Isso porque, ela afeta a capacidade de compreender o sentido dos números (senso numérico), de manipular quantidades e de realizar cálculos, mesmo os mais simples.

Como identificar a discalculia?


O diagnóstico da discalculia exige uma análise multidisciplinar, que pode envolver neuropsicólogos e neurologistas. Contudo, tantos os pais quantos os professores podem identificar sinais para, então, buscar auxílio especializado. A seguir, separamos alguns dos principais sintomas da discalculia, conforme a faixa etária:

Sinais de discalculia em crianças pequenas

  • Dificuldade em contar, mesmo objetos simples;

  • Problemas para reconhecer números ou associá-los a quantidades;

  • Não conseguir ordenar números (maior, menor);

  • Demorar para aprender a ler as horas em relógios analógicos;

  • Confundir símbolos matemáticos;

  • Dificuldade em memorizar fatos básicos da matemática (tabuada).


Em Crianças Maiores e Adolescentes:

  • Dificuldade persistente com operações básicas (adição, subtração, multiplicação, divisão);

  • Inverter números (ex: 21 por 12);

  • Dificuldade para entender problemas de matemática, mesmo os simples;

  • Não conseguir aplicar conceitos matemáticos em situações do dia a dia (ex: troco, planejamento financeiro);

  • Problemas em estimar quantidades ou distâncias;

  • Ter dificuldade em seguir sequências, como passos de uma receita ou instruções;

  • Problemas com conceitos espaciais e direcionais (esquerda/direita, norte/sul).


Como lidar com alunos com discalculia?


Lidar com alunos que possuem discalculia é um desafio enorme para professores. Esses casos necessitam de uma abordagem pedagógica diferenciada, com muita paciência, compreensão e estratégias específicas. O professor precisa atuar com o objetivo de tornar a matemática acessível e significativa, minimizando a frustração e construindo a confiança do estudante com discalculia. Por isso, é imprescindível que você crie um ambiente de sala de aula seguro e acolhedor, onde o aluno se sinta à vontade para errar e pedir ajuda.

Além disso, caso você identifique alunos com discalculia, é importante conversar com a família da criança e indicar um diagnóstico profissional, seja de neuropsicólogo ou de psicopedagogo. A escola e a família deve trabalhar em conjunto com esses profissionais para implementar as melhores estratégias - inclusive, PEIs (Planos de Ensino Individualizado).

Conheça algumas estratégias para trabalhar com alunos com discalculia


Concretização e Manipulação de Materiais


Apresentar a matéria de forma abstrata traz um desafio ainda maior para alunos com discalculia aprenderem matemática. Por isso, aposte no uso de materiais concretos, como blocos, contadores, ábacos e outros materiais manipuláveis parar representar quantidades e operações.

Conectar situações do dia a dia com conceitos matemáticos com situações reais e significativas para o aluno também pode ser uma estratégia eficaz. Propor atividades como ir às compras, medir ingredientes e calcular o troco, também utilizando materiais concretos como, por exemplo, dinheiro fictício, podem ajudar a engajar não só a criança com discalculia, como também os outros alunos em sua classe.

Instrução Direta e Fragmentada


Como falamos no tópico anterior, apresentar a matemática de forma abstrata dificulta a aprendizagem do aluno com discalculia. Por isso, o uso de instruções diretas e fragmentadas podem ser ferramentas para a sua educação. 

Uma das estratégias é a divisão em etapas. O conceito aqui consiste em quebrar as tarefas complexas em passos menores e mais gerenciáveis. A repetição espaçada e a prática são cruciais para a memorização e a automação de fatos matemáticos.

Adaptações e recursos de apoio


Uma das principais características de alunos com discalculia é a ansiedade. Por não conseguirem compreender o assunto, a criança entra em um “estado de urgência” que dificulta ainda mais o seu aprendizado.

Por isso, uma alternativa é permitir o uso de materiais de apoio, como ábacos e tabuada para auxiliarem na compreensão do conceito. Além disso, conceda um tempo extra para os alunos com discalculia finalizarem provas e outras atividades com mais tranquilidade. Outra ferramenta eficaz é o caderno quadriculado, que ajuda a organizar os números em colunas, facilitando a visualização e a organização dos cálculos.

Como promover a inclusão de alunos com discalculia


A discalculia, assim como outras condições neruodivergentes, podem ser um enorme desafio para a integração do aluno na sala de aula - inclusive, para o professor. Mas, o que fazer para promover a inclusão de crianças com discalculia?

No episódio três do Podcast “Educação na Mesa”, debatemos com a neuropsicopedagoga Milena Trimer como promover a inclusão de alunos com TDAH, TOD e TEA no ambiente escolar. Você pode conferir a entrevista completa em nosso canal, clicando no link abaixo:



 
Estátua de cangaceiro com chapéu tradicional e fitas coloridas representando a cultura nordestina brasileira.
Categories Atividades Cultura
Hoje, começa a Semana da Cultura Nordestina - uma data criada para homenagear a rica cultura dos estados e povos presentes nessa região tão importante do nosso país. E, aproveitando a oportunidade, você, professor, também pode embarcar no clima e apresentar essa rica cultura aos seus alunos!

Neste artigo, vamos apresentar mais detalhes da origem da Semana da Cultura Nordestina, qual o seu propósito e dicas de atividades que você pode propor em aula para aproveitar essa importante celebração da cultura nacional.

O que é a Semana da Cultura Nordestina?


A semana da cultura nordestina é celebrada com o intuito de valorizar as ricas manifestações culturais da região nordeste do Brasil. Embora ainda não haja uma lei federa oficial que institua a semana em todo país, a data já é celebrada em diversas cidades e estados, com eventos e atividades que acontecem ao longo de sete dias.

Por que a Semana da Cultura Nordestina começa no dia 2 de agosto?


A data que celebra o início da Semana da Cultura Nordestina coincide com o dia do falecimento do canto, compositor e multi-instrumentista Luiz Gonzaga, uma das figuras mais importantes da música brasileira. Sua vida e obra são um reflexo fiel dos costumes, desafios e belezas do sertão nordestino, e ele foi fundamental na difusão da identidade cultural da região por todo o Brasil.

Apelidado de Rei do Baião, Luiz Gonzaga gravou 627 músicas em 266 álbuns, e acumulou mais de 60 milhões de vendas em discos ao longo de quase 50 anos de carreira, além de deixar um legado marcante de inspiração cultural e musical que influencia artistas brasileiros até os dias atuais.

Como trabalhar a Semana da Cultura Nordestina na sala de aula


A Semana da Cultura Nordestina traz uma oportunidade fantástica para explorar a riqueza e a diversidade dessa região tão importante para a cultura, identidade e economia nacional. A seguir, separamos algumas dicas de atividades que você pode aproveitar para celebrar essa data em sala de aula.

Literatura de Cordel: Ensino Fundamental - Anos Iniciais e Anos Finais


A literatura de cordel é uma forma de poesia popular caracterizada por rimas que narra histórias em versos de maneira simples e acessível. Ela é uma herança cultural portuguesa, que trouxe ao Brasil uma prática comum em outros países da Europa durante o século XII, onde poetas e escritores vendiam seus trabalhos nas feiras em folhetos de papéis pendurados em varais ou barbantes (daí o nome “cordel”).

As temáticas são variadas, abordando desde lendas e contos populares, feitos heroicos e romances, críticas sociais, eventos históricos e até mesmo notícias do dia a dia, servindo como uma espécie de "jornal" para as comunidades mais afastadas. Muitos artistas brasileiros, como Ariano Suassuna, foram inspirados pela Literatura de Cordel e utilizaram diversas referências em suas obras.

Como você pode trabalhar em aula: você pode organizar uma roda de leitura de literatura de cordel. Explique a estrutura dos versos, as rimas e os temas abordados. Peça para os alunos escolherem seus cordéis favoritos e lerem em voz alta. Para classes mais avançadas, como as do Ensino Fundamental Anos Finais, você pode ensinar a estrutura e até mesmo estimular os alunos a produzirem seus próprios cordéis em sala.

Música e Dança: Ensino Fundamental - Anos Iniciais


A música e a dança são duas características marcantes da cultura nordestina. Muito antes da “pisadinha”, existia uma série de ritmos e estilos diferentes como forró (xote, baião, xaxado), frevo, maracatu e coco de roda, que trazem um pouco dos costumes e características de cada estado.

Como você pode trabalhar em aula: prepare uma playlist com músicas de grandes nomes da música nordestina, como Luiz Gonzaga, Elomar, Xangai, Alceu Valença, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Dominguinhos, Chico Science, Geraldo Azevedo, entre outros. Incentive os alunos a pesquisar sobre a história e o contexto por trás das belas canções destes artistas.

Xilogravura e Cordel Ilustrado: Educação Infantil


A xilogravura é uma técnica milenar de gravura em relevo, onde o artista esculpe um desenho em uma matriz de madeira - como uma espécie de carimbo. O resultado são imagens com traços marcantes, expressivos e um caráter rústico que se tornou uma marca registrada da arte popular, especialmente no Nordeste brasileiro.

Essa técnica encontrou um casamento perfeito com a literatura de cordel, dando origem ao "cordel ilustrado". As xilogravuras servem como as capas e, por vezes, ilustrações internas dos folhetos de cordel, complementando visualmente as narrativas poéticas.

Como trabalhar em aula: Mostre exemplos de xilogravuras (ilustrações típicas dos cordéis) e incentive os alunos a criarem suas próprias, usando carimbos feitos de isopor ou batata, ou simplesmente desenhando. Eles podem criar suas próprias capas de cordel. 

Capoeira: Ensino Fundamental - Anos Finais


A capoeira é uma expressão cultural brasileira que combina elementos de luta, dança, música e teatralidade. Desenvolvida no Brasil por descendentes de escravos africanos, ela surgiu como uma forma de resistência e autodefesa, disfarçada de dança para não despertar a atenção dos senhores de engenho.

Considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a capoeira representa a fusão de diferentes culturas que traduz perfeitamente a pluralidade cultural do Nordeste

Como trabalhar em aula: você pode abordar a capoeira nas aulas de história e explicar como essa arte surgiu no Brasil durante o período da escravidão, sendo uma forma de defesa pessoal e expressão cultural disfarçada de dança, destacando a resiliência e a criatividade dos povos escravizados.