Grupo de crianças assistindo a uma apresentação ou aula em ambiente escolar, em uma sala bem iluminada, com atenção voltada para o que está acontecendo.
Categories Atividades Cultura lúdico
O Oscar 2025, como de praxe nos últimos anos, teve uma disputa muito acirrada no prêmio de melhor animação - vencido pelo belíssimo filme Flow. E a melhor parte é que todas as animações, com exceção de Memórias de um Caracol (voltado para o público adulto), trazem ótimas oportunidades para serem trabalhadas em aula.

No artigo de hoje, vamos apresentar, sem spoilers, um pequeno resumo sobre quatro das animações indicadas ao Oscar, incluindo o vencedor, para qual faixa o filme é indicado e como você pode utilizá-los em sua sala de aula.

Wallace & Gromit: Avengança - criatividade e contato com um “novo” formato de arte


Produzidos em stop-motion, técnica de animação que consiste em criar a ilusão de movimento através da sequência de imagens, os filmes da série Wallace & Gromit, por si só, já são um prato cheio de diversão para as crianças, principalmente as da Educação Infantil. As narrativas são focadas no inventor atrapalhado Wallace e seu fiel e inteligente companheiro, o cachorro Gromit, e sempre surpreendem pela criatividade e pelo característico humor britânico.

Em “Avengança”, a dupla precisa enfrentar um antigo conhecido após uma das invenções de Wallace, como de costume, sair do controle. O filme faz uma crítica sutil e engraçada à dependência tecnológica cada vez maior de nossa sociedade e promete prender a atenção das crianças com a criatividade dos cenários e da engenhosidade das criações do inventor.

Com um cenário cada vez mais marcado por animações feitas em computação gráfica, Wallace & Gromit surge como uma oportunidade de apresentar aos seus alunos um modelo artístico diferente - pouco comum atualmente. E você pode estimular a criatividade das crianças ao propor uma atividade de replicar cenas, invenções ou personagens do filme com massinha de modelar.

O Robô Selvagem - a importância da empatia e tolerância


Adaptação de uma série de livros criadas pelo autor Peter Brown, o Robô Selvagem era apontado por muitos como o favorito à premiação do Oscar de Melhor Animação - não à toa. O filme conta a história de Roz, uma robô inteligente criada para executar qualquer tarefa que acaba naufragada em uma ilha habitada apenas por animais selvagens.

Para sobreviver ao novo ambiente enquanto aguarda o resgate, Roz precisa aprender a se adaptar à flora e fauna da ilha, fazendo amizade com uma raposa e um pequeno ganso órfão. Assim como o filme anterior em nossa lista, Robô Selvagem aborda o tema da tecnologia, desta vez em um conflito com a natureza. Contudo, ele também passa valores importantes, como respeito, empatia, tolerância e a importância em aprender a adaptar-se em ambientes diferentes.

A jornada de Roz para entender e se conectar com os animais da ilha ilustra a importância de se colocar no lugar do outro e respeitar as diferenças. Além disso, a aceitação mútua entre Roz e os animais, apesar de suas naturezas distintas, ressalta a importância da tolerância e da superação de preconceitos. Dessa forma, o Robô Selvagem pode ser utilizado para promover debates sobre pautas importantes como bullying, inclusão e diversidade - especialmente para alunos do Ensino Fundamental na fase de transição dos Anos Iniciais para os Anos Finais.

Divertida Mente 2 - como lidar com as emoções durante a puberdade


Sequência da aclamada animação de 2015, “Divertida Mente 2” pode até não ter conquistado uma estatueta como seu antecessor, mas sua qualidade faz jus à indicação ao Oscar de Melhor Animação. A trama segue a história da protagonista Riley que, desta vez, precisa lidar com a puberdade e o surgimento de novas emoções.

A história acontece durante um acampamento de verão onde a protagonista descobre que suas amigas de longa data vão mudar de escola no próximo ano letivo. Ao mesmo tempo, as emoções de Riley (alegria, tristeza, raiva e medo) precisam lidar com o surgimento de novas companheiras (ansiedade, tédio e timidez) em um conflito pelo comando da vida da personagem.

O filme Divertida Mente 2 pode ser abordado em sala de aula de diferentes maneiras, sendo especialmente indicado a alunos do Ensino Fundamental Anos Finais que compartilham não só a mesma faixa etária, como também os mesmos dilemas da protagonista. Desta forma, é possível debater temas comuns no universo dos adolescentes, como o conceito de identidade e como ela é construída ao longo do tempo, discutir a tomada de decisões e as consequências das ações baseadas em diferentes emoções e explorar as pressões sociais e a busca por pertencimento em grupos.

Flow - superando as diferenças em prol do bem maior


Talvez a grande surpresa do Oscar 2025, o filme Flow conquistou merecidamente o prêmio de melhor animação por apresentar uma narrativa criativa e extremamente tocante, mesmo sem nenhum diálogo verbal entre os protagonistas. Chamado originalmente de Straume (que, em letão, significa fluxo ou corrente), Flow conta a história de animais afetados por uma inundação que atinge uma floresta.

Uma das características mais marcantes no filme é a relação de parceria construída entre os animais de diferentes espécies que tentam sobreviver à enchente. Flow tem potencial para tocar profundamente professores e crianças e, sem deixar spoilers, recomendamos que você fique até o final para assistir à emocionante cena pós-créditos.

Você pode trabalhar de diferentes formas com essa animação em sala de aula. Professores de língua portuguesa e artes, por exemplo, podem abordar como os personagens se comunicam sem palavras, instigando os alunos a analisarem a linguagem corporal, as expressões faciais e os sons emitidos pelos animais para discutir a importância da observação e da escuta ativa para a compreensão mútua. 

Também é possível refletir sobre a empatia e a capacidade de se colocar no lugar do outro, mesmo sem entender a sua "língua", e debater conceitos como altruísmo, egoísmo, solidariedade e conflito, já que há momentos em que o gato precisa renunciar seus instintos solitários em prol da sobrevivência do grupo.

Já pensou em criar um Clube de Cinema em sua escola?


Atividades como clubes culturais são muito comuns em escolas nos Estados Unidos, França e Japão. Eles surgem como uma excelente ferramenta para promover o contato dos alunos com novas experiências de aprendizado que podem até mesmo servir de inspiração para seguir uma carreira no futuro. Um dos mais populares, que inclusive temos no Colégio Etapa, é o Clube do Cinema, que estimula o contato dos alunos com obras clássicas do cinema, além de promover debates sobre diferentes assuntos.

No episódio 11 do Podcast Educação na Mesa, recebemos o professor de História e Coordenador do clube de cinema do Colégio Etapa, Thomas Wisiak, para debater a importância do cinema como recurso pedagógico. Além disso, trouxemos dicas que vão ajudar você a montar um Clube de Cinema em sua escola. Para conferir o episódio na íntegra, acesse o link abaixo:

 
Garotinha com expressão de esforço tentando entender conceitos de matemática na lousa, ilustrando dificuldades relacionadas à discalculia.
Categories Educação Inclusiva Neurociência Transtornos de Aprendizagem
A matemática em si é uma disciplina desafiadora. Por isso, é comum que pessoas enfrentem alguma dificuldade ocasional com números, fórmulas e, principalmente, conceitos. Contudo, existe uma condição neurológica específica que pode dificultar ainda mais o processo de aprendizagem da pessoa, chamada de discalculia.

Saber diferenciar a dificuldade em matemática da discalculia é crucial tanto para o aluno, quanto para o professor. Por isso, no artigo de hoje, vamos abordar mais sobre esse transtorno de aprendizagem, o papel do professor nesses casos, além de estratégias para lidar com crianças com discalculia.

O que é a discalculia?


A discalculia é um transtorno neurológico específico de aprendizagem em matemática. Por isso, é importante ressaltar desde o início que a dificuldade do aluno em aprender sobre essa matéria não é questão de falta de esforço ou inteligência, muito menos despreparo do professor. Aliás, indivíduos com discalculia podem até mesmo ser talentosos e ter desempenho acima da média em outras áreas.

Porém, alunos com discalculia, especialmente crianças, enfrentam barreiras persistentes para processar informações numéricas e até mesmo realizar operações básicas - questões que podem perdurar até a vida adulta e trazer um enorme prejuízo à sua qualidade de vida no futuro. Para explicar de uma forma ainda mais fácil, é possível fazer um comparativo entre a discalculia com a dislexia - mas, para números. Isso porque, ela afeta a capacidade de compreender o sentido dos números (senso numérico), de manipular quantidades e de realizar cálculos, mesmo os mais simples.

Como identificar a discalculia?


O diagnóstico da discalculia exige uma análise multidisciplinar, que pode envolver neuropsicólogos e neurologistas. Contudo, tantos os pais quantos os professores podem identificar sinais para, então, buscar auxílio especializado. A seguir, separamos alguns dos principais sintomas da discalculia, conforme a faixa etária:

Sinais de discalculia em crianças pequenas

  • Dificuldade em contar, mesmo objetos simples;

  • Problemas para reconhecer números ou associá-los a quantidades;

  • Não conseguir ordenar números (maior, menor);

  • Demorar para aprender a ler as horas em relógios analógicos;

  • Confundir símbolos matemáticos;

  • Dificuldade em memorizar fatos básicos da matemática (tabuada).


Em Crianças Maiores e Adolescentes:

  • Dificuldade persistente com operações básicas (adição, subtração, multiplicação, divisão);

  • Inverter números (ex: 21 por 12);

  • Dificuldade para entender problemas de matemática, mesmo os simples;

  • Não conseguir aplicar conceitos matemáticos em situações do dia a dia (ex: troco, planejamento financeiro);

  • Problemas em estimar quantidades ou distâncias;

  • Ter dificuldade em seguir sequências, como passos de uma receita ou instruções;

  • Problemas com conceitos espaciais e direcionais (esquerda/direita, norte/sul).


Como lidar com alunos com discalculia?


Lidar com alunos que possuem discalculia é um desafio enorme para professores. Esses casos necessitam de uma abordagem pedagógica diferenciada, com muita paciência, compreensão e estratégias específicas. O professor precisa atuar com o objetivo de tornar a matemática acessível e significativa, minimizando a frustração e construindo a confiança do estudante com discalculia. Por isso, é imprescindível que você crie um ambiente de sala de aula seguro e acolhedor, onde o aluno se sinta à vontade para errar e pedir ajuda.

Além disso, caso você identifique alunos com discalculia, é importante conversar com a família da criança e indicar um diagnóstico profissional, seja de neuropsicólogo ou de psicopedagogo. A escola e a família deve trabalhar em conjunto com esses profissionais para implementar as melhores estratégias - inclusive, PEIs (Planos de Ensino Individualizado).

Conheça algumas estratégias para trabalhar com alunos com discalculia


Concretização e Manipulação de Materiais


Apresentar a matéria de forma abstrata traz um desafio ainda maior para alunos com discalculia aprenderem matemática. Por isso, aposte no uso de materiais concretos, como blocos, contadores, ábacos e outros materiais manipuláveis parar representar quantidades e operações.

Conectar situações do dia a dia com conceitos matemáticos com situações reais e significativas para o aluno também pode ser uma estratégia eficaz. Propor atividades como ir às compras, medir ingredientes e calcular o troco, também utilizando materiais concretos como, por exemplo, dinheiro fictício, podem ajudar a engajar não só a criança com discalculia, como também os outros alunos em sua classe.

Instrução Direta e Fragmentada


Como falamos no tópico anterior, apresentar a matemática de forma abstrata dificulta a aprendizagem do aluno com discalculia. Por isso, o uso de instruções diretas e fragmentadas podem ser ferramentas para a sua educação. 

Uma das estratégias é a divisão em etapas. O conceito aqui consiste em quebrar as tarefas complexas em passos menores e mais gerenciáveis. A repetição espaçada e a prática são cruciais para a memorização e a automação de fatos matemáticos.

Adaptações e recursos de apoio


Uma das principais características de alunos com discalculia é a ansiedade. Por não conseguirem compreender o assunto, a criança entra em um “estado de urgência” que dificulta ainda mais o seu aprendizado.

Por isso, uma alternativa é permitir o uso de materiais de apoio, como ábacos e tabuada para auxiliarem na compreensão do conceito. Além disso, conceda um tempo extra para os alunos com discalculia finalizarem provas e outras atividades com mais tranquilidade. Outra ferramenta eficaz é o caderno quadriculado, que ajuda a organizar os números em colunas, facilitando a visualização e a organização dos cálculos.

Como promover a inclusão de alunos com discalculia


A discalculia, assim como outras condições neruodivergentes, podem ser um enorme desafio para a integração do aluno na sala de aula - inclusive, para o professor. Mas, o que fazer para promover a inclusão de crianças com discalculia?

No episódio três do Podcast “Educação na Mesa”, debatemos com a neuropsicopedagoga Milena Trimer como promover a inclusão de alunos com TDAH, TOD e TEA no ambiente escolar. Você pode conferir a entrevista completa em nosso canal, clicando no link abaixo:



 
Estátua de cangaceiro com chapéu tradicional e fitas coloridas representando a cultura nordestina brasileira.
Categories Atividades Cultura
Hoje, começa a Semana da Cultura Nordestina - uma data criada para homenagear a rica cultura dos estados e povos presentes nessa região tão importante do nosso país. E, aproveitando a oportunidade, você, professor, também pode embarcar no clima e apresentar essa rica cultura aos seus alunos!

Neste artigo, vamos apresentar mais detalhes da origem da Semana da Cultura Nordestina, qual o seu propósito e dicas de atividades que você pode propor em aula para aproveitar essa importante celebração da cultura nacional.

O que é a Semana da Cultura Nordestina?


A semana da cultura nordestina é celebrada com o intuito de valorizar as ricas manifestações culturais da região nordeste do Brasil. Embora ainda não haja uma lei federa oficial que institua a semana em todo país, a data já é celebrada em diversas cidades e estados, com eventos e atividades que acontecem ao longo de sete dias.

Por que a Semana da Cultura Nordestina começa no dia 2 de agosto?


A data que celebra o início da Semana da Cultura Nordestina coincide com o dia do falecimento do canto, compositor e multi-instrumentista Luiz Gonzaga, uma das figuras mais importantes da música brasileira. Sua vida e obra são um reflexo fiel dos costumes, desafios e belezas do sertão nordestino, e ele foi fundamental na difusão da identidade cultural da região por todo o Brasil.

Apelidado de Rei do Baião, Luiz Gonzaga gravou 627 músicas em 266 álbuns, e acumulou mais de 60 milhões de vendas em discos ao longo de quase 50 anos de carreira, além de deixar um legado marcante de inspiração cultural e musical que influencia artistas brasileiros até os dias atuais.

Como trabalhar a Semana da Cultura Nordestina na sala de aula


A Semana da Cultura Nordestina traz uma oportunidade fantástica para explorar a riqueza e a diversidade dessa região tão importante para a cultura, identidade e economia nacional. A seguir, separamos algumas dicas de atividades que você pode aproveitar para celebrar essa data em sala de aula.

Literatura de Cordel: Ensino Fundamental - Anos Iniciais e Anos Finais


A literatura de cordel é uma forma de poesia popular caracterizada por rimas que narra histórias em versos de maneira simples e acessível. Ela é uma herança cultural portuguesa, que trouxe ao Brasil uma prática comum em outros países da Europa durante o século XII, onde poetas e escritores vendiam seus trabalhos nas feiras em folhetos de papéis pendurados em varais ou barbantes (daí o nome “cordel”).

As temáticas são variadas, abordando desde lendas e contos populares, feitos heroicos e romances, críticas sociais, eventos históricos e até mesmo notícias do dia a dia, servindo como uma espécie de "jornal" para as comunidades mais afastadas. Muitos artistas brasileiros, como Ariano Suassuna, foram inspirados pela Literatura de Cordel e utilizaram diversas referências em suas obras.

Como você pode trabalhar em aula: você pode organizar uma roda de leitura de literatura de cordel. Explique a estrutura dos versos, as rimas e os temas abordados. Peça para os alunos escolherem seus cordéis favoritos e lerem em voz alta. Para classes mais avançadas, como as do Ensino Fundamental Anos Finais, você pode ensinar a estrutura e até mesmo estimular os alunos a produzirem seus próprios cordéis em sala.

Música e Dança: Ensino Fundamental - Anos Iniciais


A música e a dança são duas características marcantes da cultura nordestina. Muito antes da “pisadinha”, existia uma série de ritmos e estilos diferentes como forró (xote, baião, xaxado), frevo, maracatu e coco de roda, que trazem um pouco dos costumes e características de cada estado.

Como você pode trabalhar em aula: prepare uma playlist com músicas de grandes nomes da música nordestina, como Luiz Gonzaga, Elomar, Xangai, Alceu Valença, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Dominguinhos, Chico Science, Geraldo Azevedo, entre outros. Incentive os alunos a pesquisar sobre a história e o contexto por trás das belas canções destes artistas.

Xilogravura e Cordel Ilustrado: Educação Infantil


A xilogravura é uma técnica milenar de gravura em relevo, onde o artista esculpe um desenho em uma matriz de madeira - como uma espécie de carimbo. O resultado são imagens com traços marcantes, expressivos e um caráter rústico que se tornou uma marca registrada da arte popular, especialmente no Nordeste brasileiro.

Essa técnica encontrou um casamento perfeito com a literatura de cordel, dando origem ao "cordel ilustrado". As xilogravuras servem como as capas e, por vezes, ilustrações internas dos folhetos de cordel, complementando visualmente as narrativas poéticas.

Como trabalhar em aula: Mostre exemplos de xilogravuras (ilustrações típicas dos cordéis) e incentive os alunos a criarem suas próprias, usando carimbos feitos de isopor ou batata, ou simplesmente desenhando. Eles podem criar suas próprias capas de cordel. 

Capoeira: Ensino Fundamental - Anos Finais


A capoeira é uma expressão cultural brasileira que combina elementos de luta, dança, música e teatralidade. Desenvolvida no Brasil por descendentes de escravos africanos, ela surgiu como uma forma de resistência e autodefesa, disfarçada de dança para não despertar a atenção dos senhores de engenho.

Considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a capoeira representa a fusão de diferentes culturas que traduz perfeitamente a pluralidade cultural do Nordeste

Como trabalhar em aula: você pode abordar a capoeira nas aulas de história e explicar como essa arte surgiu no Brasil durante o período da escravidão, sendo uma forma de defesa pessoal e expressão cultural disfarçada de dança, destacando a resiliência e a criatividade dos povos escravizados.

 
Alfabetização com acolhimento: o papel do educador no desenvolvimento da escrita
Categories Alfabetização e Letramento Educação Nivelamento escolar
Os termos alfabetização e letramento são muito utilizados no campo da educação e, apesar de terem suas semelhanças, eles não representam exatamente o mesmo conceito. Por isso, é fundamental para educadores, pais e qualquer pessoa interessada nesses processos entender a diferença de cada um deles.

Se você não sabe qual a diferença entre alfabetização e letramento, fique tranquilo. No artigo de hoje nós vamos explicar detalhadamente cada um desses conceitos e os pré-requisitos necessários para cada um.

Alfabetização e letramento: entendendo as diferenças


O que é alfabetização?


A alfabetização refere-se ao processo de aquisição da leitura e da escrita no sentido mais básico. É a capacidade de decodificar e compreender símbolos gráficos, transformando letras em sons e vice-versa. Simplificando, isso significa que uma pessoa alfabetizada consegue ler um texto e escrever palavras e frases inteligíveis.

Quais os requisitos para a alfabetização?


Para que uma pessoa possa ser considerada alfabetizada, é necessário que ela tenha requisitos essenciais, como consciência fonológica (A capacidade de identificar, manipular e compreender os sons da língua falada - incluindo reconhecer rimas, aliterações e segmentar palavras em sílabas e fonemas), conhecimento do alfabeto, fluência leitora e habilidades motoras finas.

O que é letramento?


Enquanto a alfabetização se concentra na mecânica da leitura e escrita, o letramento é um conceito mais amplo e complexo. Refere-se à capacidade de usar a leitura e a escrita em diversas práticas sociais.

Ou seja, o letramento é a habilidade de compreender e interpretar diferentes tipos de textos em variados contextos, utilizando a linguagem escrita para interagir com o mundo, resolver problemas e produzir novos conhecimentos. Uma pessoa letrada não apenas lê as palavras, mas entende o propósito do texto, quem o escreveu, para quem e em que situação.

Quais os requisitos para o letramento?


Os requisitos para considerar uma pessoa letrada vão um pouco além da alfabetização. O principal deles é a compreensão leitora, que significa que a pessoa deve ir além da decodificação e entender o significado do texto em diferentes níveis.

Além disso, a habilidade de produção textual também é um requisito mínimo. Neste caso, significa que a pessoa deverá ser capaz de escrever diferentes gêneros textuais (como cartas, e-mails, relatórios, etc.), de forma coerente e adequada ao público e seu propósito, para ser considerada letrada.

Por fim, também é importante que a pessoa desenvolva conhecimento sobre os diferentes gêneros textuais, uso social da escrita, pensamento crítico, habilidades de pesquisa e, acima de tudo, a contextualização (Entender que o significado de um texto pode variar dependendo do contexto em que ele é lido ou produzido).

Alfabetização e letramento andam juntos


Apesar de serem diferentes, é importante que você entenda que alfabetização e letramento não são processos sequenciais, onde um termina para o outro começar. Pelo contrário, eles se desenvolvem de forma simultânea e interdependente. A alfabetização é a porta de entrada para o mundo da escrita, mas é o letramento que permite ao indivíduo transitar nesse mundo com autonomia e proficiência.

Um indivíduo pode ser alfabetizado (saber ler e escrever frases simples) mas não ser letrado (não conseguir interpretar um contrato, preencher um formulário complexo ou compreender uma notícia de jornal com profundidade). Da mesma forma, o letramento pleno só é possível quando a base da alfabetização está consolidada, garantindo a fluência e a precisão necessárias para interagir com textos mais desafiadores.

Saiba mais sobre alfabetização e letramento no Podcast Educação na Mesa


No episódio de número 33 do Podcast Educação na Mesa, recebemos a assessora pedagógica do Sistema Etapa, Crislaine Costa, para uma conversa esclarecedora sobre os fundamentos da alfabetização e letramento. Além disso, discutimos também o papel da consciência fonológica, oralidade e do desenvolvimento da linguagem como pilares para a aprendizagem da leitura e da escrita.

Se você é educador, gestor ou familiar e quer entender como preparar as crianças para esse processo de forma consistente, este episódio é para você! Para conferir a entrevista completa, basta acessar o episódio em nosso canal no YouTube clicando no link abaixo:

+ Alfabetização e letramento: quais são os pré-requisitos?

 
Professora interagindo com aluno neurodivergente em sala de aula inclusiva.
Categories Alfabetização e Letramento Educação Neurociência Nivelamento escolar Transtornos de Aprendizagem
A inclusão de alunos neurodivergentes no ambiente escolar é, ao mesmo tempo, um desafio e uma necessidade crescente. Uma educação verdadeiramente inclusiva beneficia a todos, preparando os estudantes para um mundo cada vez mais diverso. 

Mas, o que fazer para promover a inclusão desses alunos no ambiente escolar? Neste artigo, exploramos estratégias eficazes para criar um ambiente escolar acolhedor e estimulante para alunos neurodivergentes e neurotípicos.

O que são alunos neurodivergentes?


Chamamos de neurodivergentes alunos cujo funcionamento do cérebro, bem como o modo de processar informações, diferem do que é considerado típico ou padrão pela maioria da sociedade. Esse termo faz parte do conceito de neurodiversidade, que reconhece a diversidade natural das mentes humanas, assim como acontecem em outras características biológicas.

Antigamente, havia uma espécie de generalização na classificação desses alunos que, assim como crianças com deficiência física, eram chamados de “especiais”. Neste aspecto, o movimento da neurodiversidade propõe que as neurodivergências são variações naturais e legítimas da cognição humana.

Algumas das características neurodivergentes mais comuns



  • Transtorno do Espectro Autista (TEA): caracteriza-se por diferenças na comunicação social, padrões de comportamento restritivos e repetitivos, e, muitas vezes, sensibilidades sensoriais específicas.



  • Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): envolve dificuldades com atenção, impulsividade e hiperatividade.



  • Dislexia: afeta a capacidade de leitura e escrita, apesar de inteligência normal.



  • Discalculia: dificuldade em compreender e manipular números ou conceitos matemáticos.



  • Dispraxia: dificuldade na coordenação motora e no planejamento de movimentos.



  • Síndrome de Tourette: caracterizada por tiques motores e vocais involuntários.



  • Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD): Embora não seja frequentemente associada diretamente ao termo neurodivergente no senso comum, algumas abordagens a incluem por representar um funcionamento cognitivo que se desvia da média.


Como identificar alunos neurodivergentes


Identificar alunos neurodivergentes na escola não é uma tarefa fácil - até porque, não exite um checklist universal para identificar os transtornos através dos comportamentos, tendo em vista que a neurodivergência se manifesta de forma única em cada indivíduo.

No entanto, alguns sinais e comportamentos podem levantar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada. Entre os principais, podemos citar:

  • Facilidade em se distrair: o aluno "viaja" nos pensamentos ou perde o foco facilmente com estímulos externos (barulhos, movimento);

  • Desorganização: dificuldade em organizar materiais, tarefas e o próprio espaço;

  • Incapacidade de concluir tarefas: abandona projetos, atividades ou não consegue seguir instruções até o fim;

  • Esquecimento: perde objetos importantes, esquece tarefas ou informações recém-dadas;

  • Hiperfoco: curiosamente, alguns alunos podem ter um foco excessivo em assuntos de seu interesse, ignorando o restante. 


É válido destacar que para o diagnóstico de um aluno neurodivergente, bem como o seu tratamento, é necessário o trabalho em conjunto de uma equipe multidisciplinar, que pode contar com neuropsicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, entre outros, para avaliar, identificar e traçar o melhor caminho para lidar com o transtorno.

A importância do professor no diagnóstico de alunos neurodivergentes


Em conversa no episódio três do Podcast Educação na Mesa, do Grupo Etapa, a neuropsicóloga Milena Trimer destacou a importância dos professores observarem possíveis casos de alunos neurodivergentes e orientarem suas famílias: “O professor tem um lugar muito privilegiado de observação sobre o aluno. Entender um pouco mais sobre os transtornos ele consegue, pelo menos, direcionar a família”.

No entanto, essa observação precisa ser feita com cautela. Isso porque, segundo Milena: “um sintoma não pode ser interpretado. O professor precisa conhecer e entender o seu aluno, quem é o seu aluno, qual o perfil da sua escola, como é a comunidade escolar e social que ele vive”. 

Isso é fundamental para saber diferenciar o transtorno de aprendizagem ou do neurodesenvolvimento de uma dificuldade da criança em aprender determinada matéria. Conforme a neuropsicóloga: “transtorno tem um início precoce, na infância, e, mesmo após a intervenção, se em seis meses não há uma mudança no comportamento, isso é um transtorno. Caso a criança apresente uma melhora, é uma dificuldade. A dificuldade é transitória e o transtorno permanece por toda a vida”.

O que a escola e professores podem fazer pelos alunos neurodivergentes


Antigamente, era muito comum que escolas contassem com “salas especiais”, que eram destinadas a crianças com todo tipo de deficiência de forma indiscriminada. Essa abordagem segregadora, com o tempo, provou-se ineficaz tanto na inclusão dessas crianças na sociedade, como na educação dos outros alunos em aprender, principalmente, a como lidar com essa situação.

Um dos principais focos da educação inclusiva é justamente promover um ambiente de aprendizado onde todas as crianças, com ou sem deficiência, estudem juntas e aprendam umas com as outras. Isso significa que a educação inclusiva busca integrar esses alunos no ensino regular, adaptando metodologias e recursos para atender às suas necessidades individuais, em vez de isolá-los. O objetivo é criar uma escola que valorize a diversidade, ensinando a empatia, o respeito às diferenças e a colaboração entre todos os estudantes.

Adaptações Pedagógicas são fundamentais para a educação inclusiva


Para que a inclusão seja efetiva, é imprescindível desenvolver um PEI (Plano de Ensino Individualizado) para cada criança, considerando suas aptidões, desafios e o estilo de aprendizagem. Além disso, é importante que os professores utilizem diferentes métodos de ensino, como recursos visuais, auditivos e cinestésicos.

Aulas mais dinâmicas, com atividades práticas e colaborativas, tendem a ser mais engajadoras. Para Milena: “motivação é algo intrínseco, seja autista ou não. O engajamento depende muito do professor, é importante tentar se aproximar do aluno e mostrar que você está interessado em saber a opinião dele sobre o assunto”.

Os alunos neurodivergentes e a sua inclusão no ambiente escolar foi um dos temas abordados no terceiro episódio do Podcast Educação na Mesa. Você pode conferir a entrevista da neuropsicóloga Milena Trimer na íntegra em nosso canal no YouTube clicando no link abaixo: