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Por quase dois anos, durante a pandemia de Covid-19, os estudantes tiveram que se adaptar a uma nova realidade e, em especial, a um novo modelo de ensino. O ensino remoto emergencial, adotado para permitir que a educação continuasse, esbarrou em diversos problemas, entre eles a falta de tempo e de preparo dos pais ou cuidadores para ajudar os estudantes no processo de aprendizagem.

Nas escolas públicas, o impacto foi ainda maior, já que ainda há milhões de casas sem acesso à internet, e escolas e estudantes tiveram que buscar soluções improvisadas. Em inúmeros casos, as crianças e adolescentes ficaram efetivamente dois anos sem estudar. Com isso, não só se perdeu o aprendizado desses anos, mas também, pela falta de reforço do ensino em espiral, também houve o esquecimento do que se sabia antes.

Por tudo isso, os estudantes voltaram às aulas presenciais pouco capacitados para acompanhar a série onde estão (já que a aprovação foi automática), trazendo aos professores o desafio da “recomposição de aprendizagem”, um termo novo para a maioria dos professores, mais acostumados com os tradicionais termos “recuperação e reforço escolar”.

Diferente desses últimos, a recomposição de aprendizagem tem a missão de retomar os conteúdos perdidos durante a pandemia, de modo a garantir que as habilidades previstas para aqueles anos sejam construídas. No entanto, aí está o desafio: como retomar as habilidades perdidas quando há novas habilidades a construir no ano em curso? Para isso é preciso alguns cuidados.

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Cuidados na recomposição da aprendizagem

A primeira atitude do professor, nesse início de aulas, deveria ser a elaboração de uma avaliação diagnóstica de aprendizagem. Para a construção desse instrumento, é preciso retomar as habilidades da BNCC que deveriam ter sido desenvolvidas no período perdido e as habilidades que deverão ser construídas no novo ano letivo. Considerando que muitos temas são retomados, no planejamento em espiral, vale a pena identificar quais habilidades e competências são necessários para a compreensão dos novos temas.

Com a avaliação diagnóstica, o professor saberá em que áreas a classe toda tem necessidade de complementação e se há alunos com necessidades específicas. De posse dos resultados, é importante planejar as aulas de maneira flexível, de modo a abrir espaço para o reforço aos estudantes com maior defasagem. A utilização de métodos ativos de aprendizagem como os trabalhos em grupo pode ajudar a nivelar rapidamente os alunos.

Nessa etapa, é importante lembrar que o currículo previsto originalmente para o ano pode já ser bastante extenso. Por isso, é importante focar nas habilidades da BNCC para o ano e os “pré-requisitos” para seu desenvolvimento, de modo a elaborar o planejamento de acordo com elas. Isso pode significar alguma adaptação no uso dos materiais didáticos de aprendizagem, já que alguns conteúdos e/ou exercícios podem ser deixados de fora.

É importante informar os pais dessas mudanças e tranquilizá-los de que, mesmo que alguns conteúdos possam não ser tratados, seus filhos estarão preparados para os próximos anos escolares. Vale lembrar também que se o estudante tem uma formação que lhe permita resolver problemas e pesquisar informações, saberá encontrar qualquer assunto que lhe faltar.

Uma vez feito o planejamento para a classe, levando em conta necessidades individuais, cabe então ao professor acompanhar essas aprendizagens, coletiva e individualmente, de modo a reforçar ou ajustar as estratégias escolhidas. Embora o esforço seja grande, o resultado será deixar para trás o maior desafio educacional global que nossa geração já viu e preparar cada estudante para realizar seu pleno potencial.

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