famílias

Por: Silvia M. Gasparian Colello

Estudos nacionais e internacionais apontam para a importância da participação das famílias no curso de escolaridade de seus filhos, constituindo, através da parceria com os educadores, uma base sólida não só para o sucesso da vida estudantil, como também para a concretização do projeto mais amplo de formação humana.

No entanto, o que muitas vezes se observa é o desequilíbrio dessa relação traduzido por focos de tensão que – seja por subestimar, seja por superestimar as possibilidades de cooperação – geram, por parte das famílias, situações de ingerência na organização escolar ou nas práticas de ensino, assim como expectativas e cobranças equivocadas entre os professores.

As famílias no desenvolvimento dos alunos

A participação das famílias na escola merece, em primeiro lugar, ser defendida pela compreensão do papel educativo da escola. Contrariando tendências currículos conteudistas, importa submeter o ensino ao processo de constituição do sujeito crítico, ético, autônomo e participativo.

Afinal, se pais e educadores compartilham um projeto de formação, que ele seja em prol da constituição pessoal e humanizada, e não em função de um acúmulo meramente formal de informações.

Em segundo lugar, rechaçando diretrizes generalistas de aproximação entre pais (ou responsáveis) e educadores, importa defender a participação familiar como um processo contínuo, construído em estreita sintonia com as especificidades do segmento escolar ou das características da faixa etária.

A compreensão sobre o que a escola pode representar ao aluno em diferentes etapas e o entendimento a respeito dos principais desafios a serem enfrentados em cada uma delas funcionam como parâmetros para a promoção de uma rede integrada de apoio, que, passando pelo acolhimento e adaptação na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, evolui, progressiva e recursivamente, para a formação do estudante e para a constituição do cidadão.

Em terceiro lugar, é preciso defender o papel ativo da escola na promoção e na consolidação da participação das famílias, o que, na prática, se concretiza através de inúmeras iniciativas previstas no projeto pedagógico:

  • Estabelecimento de instâncias de decisão e apresentação de normas claras;
  • Reuniões sistemáticas e atendimentos individuais para orientação aos pais;
  • Ampliação dos canais de escuta e acolhimento de propostas;
  • Apresentação dos projetos de trabalho e avaliação de seus resultados;
  • Promoção de festas, comemorações e de iniciativas de apoio à comunidade;
  • Garantia de mecanismos de respeito e de valorização para todos.

Em síntese, só quando se compreende o projeto educativo como elaboração complexa, constituída em longo prazo, com base em princípios claros e estratégias concretas de trabalho, que se pode vislumbrar a participação das famílias em uma perspectiva construtiva na vida estudantil.

Considerações finais

De maneira geral, a união entre família e escola trata-se de uma parceria que, para além da esfera pessoal de cada aluno, tem um impacto profundo na revisão das práticas escolares e, indiscutivelmente, na luta pelo ensino de qualidade.

Deixe um comentário