Alfabetização com acolhimento: o papel do educador no desenvolvimento da escrita
Categories Alfabetização e Letramento Educação Nivelamento escolar
Os termos alfabetização e letramento são muito utilizados no campo da educação e, apesar de terem suas semelhanças, eles não representam exatamente o mesmo conceito. Por isso, é fundamental para educadores, pais e qualquer pessoa interessada nesses processos entender a diferença de cada um deles.

Se você não sabe qual a diferença entre alfabetização e letramento, fique tranquilo. No artigo de hoje nós vamos explicar detalhadamente cada um desses conceitos e os pré-requisitos necessários para cada um.

Alfabetização e letramento: entendendo as diferenças


O que é alfabetização?


A alfabetização refere-se ao processo de aquisição da leitura e da escrita no sentido mais básico. É a capacidade de decodificar e compreender símbolos gráficos, transformando letras em sons e vice-versa. Simplificando, isso significa que uma pessoa alfabetizada consegue ler um texto e escrever palavras e frases inteligíveis.

Quais os requisitos para a alfabetização?


Para que uma pessoa possa ser considerada alfabetizada, é necessário que ela tenha requisitos essenciais, como consciência fonológica (A capacidade de identificar, manipular e compreender os sons da língua falada - incluindo reconhecer rimas, aliterações e segmentar palavras em sílabas e fonemas), conhecimento do alfabeto, fluência leitora e habilidades motoras finas.

O que é letramento?


Enquanto a alfabetização se concentra na mecânica da leitura e escrita, o letramento é um conceito mais amplo e complexo. Refere-se à capacidade de usar a leitura e a escrita em diversas práticas sociais.

Ou seja, o letramento é a habilidade de compreender e interpretar diferentes tipos de textos em variados contextos, utilizando a linguagem escrita para interagir com o mundo, resolver problemas e produzir novos conhecimentos. Uma pessoa letrada não apenas lê as palavras, mas entende o propósito do texto, quem o escreveu, para quem e em que situação.

Quais os requisitos para o letramento?


Os requisitos para considerar uma pessoa letrada vão um pouco além da alfabetização. O principal deles é a compreensão leitora, que significa que a pessoa deve ir além da decodificação e entender o significado do texto em diferentes níveis.

Além disso, a habilidade de produção textual também é um requisito mínimo. Neste caso, significa que a pessoa deverá ser capaz de escrever diferentes gêneros textuais (como cartas, e-mails, relatórios, etc.), de forma coerente e adequada ao público e seu propósito, para ser considerada letrada.

Por fim, também é importante que a pessoa desenvolva conhecimento sobre os diferentes gêneros textuais, uso social da escrita, pensamento crítico, habilidades de pesquisa e, acima de tudo, a contextualização (Entender que o significado de um texto pode variar dependendo do contexto em que ele é lido ou produzido).

Alfabetização e letramento andam juntos


Apesar de serem diferentes, é importante que você entenda que alfabetização e letramento não são processos sequenciais, onde um termina para o outro começar. Pelo contrário, eles se desenvolvem de forma simultânea e interdependente. A alfabetização é a porta de entrada para o mundo da escrita, mas é o letramento que permite ao indivíduo transitar nesse mundo com autonomia e proficiência.

Um indivíduo pode ser alfabetizado (saber ler e escrever frases simples) mas não ser letrado (não conseguir interpretar um contrato, preencher um formulário complexo ou compreender uma notícia de jornal com profundidade). Da mesma forma, o letramento pleno só é possível quando a base da alfabetização está consolidada, garantindo a fluência e a precisão necessárias para interagir com textos mais desafiadores.

Saiba mais sobre alfabetização e letramento no Podcast Educação na Mesa


No episódio de número 33 do Podcast Educação na Mesa, recebemos a assessora pedagógica do Sistema Etapa, Crislaine Costa, para uma conversa esclarecedora sobre os fundamentos da alfabetização e letramento. Além disso, discutimos também o papel da consciência fonológica, oralidade e do desenvolvimento da linguagem como pilares para a aprendizagem da leitura e da escrita.

Se você é educador, gestor ou familiar e quer entender como preparar as crianças para esse processo de forma consistente, este episódio é para você! Para conferir a entrevista completa, basta acessar o episódio em nosso canal no YouTube clicando no link abaixo:

+ Alfabetização e letramento: quais são os pré-requisitos?

 
Professora interagindo com aluno neurodivergente em sala de aula inclusiva.
Categories Alfabetização e Letramento Educação Neurociência Nivelamento escolar Transtornos de Aprendizagem
A inclusão de alunos neurodivergentes no ambiente escolar é, ao mesmo tempo, um desafio e uma necessidade crescente. Uma educação verdadeiramente inclusiva beneficia a todos, preparando os estudantes para um mundo cada vez mais diverso. 

Mas, o que fazer para promover a inclusão desses alunos no ambiente escolar? Neste artigo, exploramos estratégias eficazes para criar um ambiente escolar acolhedor e estimulante para alunos neurodivergentes e neurotípicos.

O que são alunos neurodivergentes?


Chamamos de neurodivergentes alunos cujo funcionamento do cérebro, bem como o modo de processar informações, diferem do que é considerado típico ou padrão pela maioria da sociedade. Esse termo faz parte do conceito de neurodiversidade, que reconhece a diversidade natural das mentes humanas, assim como acontecem em outras características biológicas.

Antigamente, havia uma espécie de generalização na classificação desses alunos que, assim como crianças com deficiência física, eram chamados de “especiais”. Neste aspecto, o movimento da neurodiversidade propõe que as neurodivergências são variações naturais e legítimas da cognição humana.

Algumas das características neurodivergentes mais comuns



  • Transtorno do Espectro Autista (TEA): caracteriza-se por diferenças na comunicação social, padrões de comportamento restritivos e repetitivos, e, muitas vezes, sensibilidades sensoriais específicas.



  • Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): envolve dificuldades com atenção, impulsividade e hiperatividade.



  • Dislexia: afeta a capacidade de leitura e escrita, apesar de inteligência normal.



  • Discalculia: dificuldade em compreender e manipular números ou conceitos matemáticos.



  • Dispraxia: dificuldade na coordenação motora e no planejamento de movimentos.



  • Síndrome de Tourette: caracterizada por tiques motores e vocais involuntários.



  • Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD): Embora não seja frequentemente associada diretamente ao termo neurodivergente no senso comum, algumas abordagens a incluem por representar um funcionamento cognitivo que se desvia da média.


Como identificar alunos neurodivergentes


Identificar alunos neurodivergentes na escola não é uma tarefa fácil - até porque, não exite um checklist universal para identificar os transtornos através dos comportamentos, tendo em vista que a neurodivergência se manifesta de forma única em cada indivíduo.

No entanto, alguns sinais e comportamentos podem levantar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada. Entre os principais, podemos citar:

  • Facilidade em se distrair: o aluno "viaja" nos pensamentos ou perde o foco facilmente com estímulos externos (barulhos, movimento);

  • Desorganização: dificuldade em organizar materiais, tarefas e o próprio espaço;

  • Incapacidade de concluir tarefas: abandona projetos, atividades ou não consegue seguir instruções até o fim;

  • Esquecimento: perde objetos importantes, esquece tarefas ou informações recém-dadas;

  • Hiperfoco: curiosamente, alguns alunos podem ter um foco excessivo em assuntos de seu interesse, ignorando o restante. 


É válido destacar que para o diagnóstico de um aluno neurodivergente, bem como o seu tratamento, é necessário o trabalho em conjunto de uma equipe multidisciplinar, que pode contar com neuropsicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, entre outros, para avaliar, identificar e traçar o melhor caminho para lidar com o transtorno.

A importância do professor no diagnóstico de alunos neurodivergentes


Em conversa no episódio três do Podcast Educação na Mesa, do Grupo Etapa, a neuropsicóloga Milena Trimer destacou a importância dos professores observarem possíveis casos de alunos neurodivergentes e orientarem suas famílias: “O professor tem um lugar muito privilegiado de observação sobre o aluno. Entender um pouco mais sobre os transtornos ele consegue, pelo menos, direcionar a família”.

No entanto, essa observação precisa ser feita com cautela. Isso porque, segundo Milena: “um sintoma não pode ser interpretado. O professor precisa conhecer e entender o seu aluno, quem é o seu aluno, qual o perfil da sua escola, como é a comunidade escolar e social que ele vive”. 

Isso é fundamental para saber diferenciar o transtorno de aprendizagem ou do neurodesenvolvimento de uma dificuldade da criança em aprender determinada matéria. Conforme a neuropsicóloga: “transtorno tem um início precoce, na infância, e, mesmo após a intervenção, se em seis meses não há uma mudança no comportamento, isso é um transtorno. Caso a criança apresente uma melhora, é uma dificuldade. A dificuldade é transitória e o transtorno permanece por toda a vida”.

O que a escola e professores podem fazer pelos alunos neurodivergentes


Antigamente, era muito comum que escolas contassem com “salas especiais”, que eram destinadas a crianças com todo tipo de deficiência de forma indiscriminada. Essa abordagem segregadora, com o tempo, provou-se ineficaz tanto na inclusão dessas crianças na sociedade, como na educação dos outros alunos em aprender, principalmente, a como lidar com essa situação.

Um dos principais focos da educação inclusiva é justamente promover um ambiente de aprendizado onde todas as crianças, com ou sem deficiência, estudem juntas e aprendam umas com as outras. Isso significa que a educação inclusiva busca integrar esses alunos no ensino regular, adaptando metodologias e recursos para atender às suas necessidades individuais, em vez de isolá-los. O objetivo é criar uma escola que valorize a diversidade, ensinando a empatia, o respeito às diferenças e a colaboração entre todos os estudantes.

Adaptações Pedagógicas são fundamentais para a educação inclusiva


Para que a inclusão seja efetiva, é imprescindível desenvolver um PEI (Plano de Ensino Individualizado) para cada criança, considerando suas aptidões, desafios e o estilo de aprendizagem. Além disso, é importante que os professores utilizem diferentes métodos de ensino, como recursos visuais, auditivos e cinestésicos.

Aulas mais dinâmicas, com atividades práticas e colaborativas, tendem a ser mais engajadoras. Para Milena: “motivação é algo intrínseco, seja autista ou não. O engajamento depende muito do professor, é importante tentar se aproximar do aluno e mostrar que você está interessado em saber a opinião dele sobre o assunto”.

Os alunos neurodivergentes e a sua inclusão no ambiente escolar foi um dos temas abordados no terceiro episódio do Podcast Educação na Mesa. Você pode conferir a entrevista da neuropsicóloga Milena Trimer na íntegra em nosso canal no YouTube clicando no link abaixo:

 
Professora tocando violão em uma sala de aula com crianças pequenas, durante uma atividade pedagógica com música.
Categories Alfabetização e Letramento
A alfabetização é a base que sustenta toda a trajetória acadêmica do estudante. De acordo com a BNCC, uma pessoa alfabetizada não apenas reconhece e reproduz as letras, mas é capaz de compreender os textos e seus contextos de forma global. Para isso, é necessário o desenvolvimento de um conjunto de habilidades cognitivas, linguísticas, emocionais e sociais. A música pode ser uma grande aliada nesse processo, ao mobilizar a memória, a concentração e o ritmo de maneira lúdica.

A música como motivação para os estudos


Ela também pode atuar como um estímulo importante para o aprendizado. Essa foi a conclusão de uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da UFMG em 2023, que mostrou que crianças e adolescentes obtiveram desempenhos superiores em testes de atenção ao ouvirem música.
Além de favorecer o foco e a organização do pensamento, o recurso musical contribui para o desenvolvimento da consciência fonológica. Ao cantar, marcar o tempo com palmas ou identificar rimas, os alunos praticam a segmentação e a diferenciação de fonemas — competências fundamentais para o domínio da leitura.

No material didático do Sistema Etapa Público, a música é utilizada como um recurso pedagógico em aulas da Educação Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental, com canções e atividades rítmicas que despertam o interesse das crianças.

A influência da música na aprendizagem da linguagem


Um estudo conduzido pelo MIT e pela Universidade Normal de Pequim, publicado em junho de 2018, evidenciou que aulas de piano aprimoram a percepção auditiva e a capacidade de diferenciar palavras em crianças, impulsionando o desenvolvimento da linguagem. Essa descoberta reforça que o uso da música pode ter um papel relevante na alfabetização, pois o reconhecimento de sons e padrões auditivos contribui significativamente para o aprendizado da leitura e da escrita.

No Sistema Etapa Público, a alfabetização musicada é uma abordagem pedagógica eficiente no processo de ensino-aprendizagem. Com uma curadoria musical pensada para cada etapa, os alunos do 1º ano do Ensino Fundamental aprendem a ler e a escrever de forma divertida. Cada melodia reforça as sílabas trabalhadas em sala de aula, facilitando a conexão entre o som e a escrita.

Essa metodologia fortalece a consciência fonológica, a habilidade de identificar e manipular os sons da fala, e contribui diretamente para que os estudantes compreendam a relação entre fonema e grafema, essencial para a fluência leitora.

Conclusão
A música é uma aliada poderosa no processo de alfabetização: estimula a atenção, ativa a memória e fortalece o desenvolvimento da linguagem. No Sistema Etapa, ela é utilizada de forma intencional para engajar as crianças da Educação Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental, tornando a aprendizagem mais significativa e prazerosa.