Inclusão dentro de sala de aula: Como potencializar o aprendizado de crianças com deficiências

Não é de hoje que se discute sobre inclusão dentro da sala de aula no ensino básico para crianças com deficiências cognitivas e qual ambiente de aprendizado é o melhor para essas crianças. Seu aprendizado e desenvolvimento são importantes para garantir o ingresso no ensino superior e construir uma carreira profissional.

As escolas especializadas já têm uma estrutura para atender crianças com deficiências cognitivas, porém quem frequenta a escola regular, muitas vezes, apresenta dificuldades para acompanhar o ritmo dos outros estudantes, e a inclusão dentro de sala de aula é muito importante.
Pais e mães, ao escolherem a melhor escola, principalmente as regulares, devem atentar-se quanto à estrutura da escola, se esta atenderá às necessidades da criança.
É de suma importância que as escolas regulares, tanto as de ensino público quanto as privadas, adaptem-se ao dia a dia dessas crianças, tenham propostas pedagógicas inclusivas e profissionais da educação preparados para auxiliar o estudante. Artigo 208, Inciso III da Constituição Federal, 1988 – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
Também previsto em Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96).
Mesmo previsto em Lei, na Constituição, muitas escolas ainda não estão preparadas para receber crianças com deficiências cognitivas.

Como potencializar o aprendizado de crianças com deficiências cognitivas?

Mesmo sendo um desafio, há várias maneiras de incluir e adaptar atividades e transformar a vida de crianças com deficiências cognitivas por meio da inclusão na sala de aula.

  • Campanhas de inclusão dentro da sala de aula: Quando se trata de uma escola regular, a comunicação, informação e o esclarecimento sobre o assunto são sempre a melhor alternativa para combater todo e qualquer preconceito. Assim, esses estudantes estarão em um ambiente educacional que o(a) respeita e acolhe;
  • Relacione o aprendizado com algo que a criança goste: Quando se relaciona o aprendizado com algo que a criança gosta, como, uma música, um brinquedo, alguma comida ou algum lugar, fica fácil para ela fazer associações e o processo ficará mais fluído e prazeroso;
  • Empregue sentido ao aprendizado: Tente criar um contexto, uma história para o que será ensinado. Fica mais fácil do estudante assimilar algo quando encontra sentido e significado, por exemplo, quando estiver ensinando o alfabeto, faça associações com objetos, animais, comidas etc. com as letras, assim a criança saberá que a letra “G” é do gato, ou a própria letra inicial de seu nome;
  • Acompanhe o ritmo de aprendizagem da criança: Cada criança tem seu tempo de aprendizagem, e na hora de avaliar, leve isso em consideração. Utilize instrumentos de avaliação que se adequem às necessidades desse estudante;
  • Utilize a tecnologia: Atrelar o ensino com tecnologia pode trazer benefícios ao aprendizado dos estudantes e é mais um instrumento para auxiliar o professor em sala de aula. O ensino tradicional muitas vezes não é eficaz para crianças com deficiências cognitivas, para esses casos, o ideal é pensar fora da caixa e trazer novidades a cada aula. Com a tecnologia a favor de estudantes e professores, pode ser transformador;
  • Enfatize as conquistas da criança: É sempre importante enfatizar e ressaltar cada conquista e avanço da criança. Reforce com um elogio, uma estrelinha ou algum brinde, quando ele(a) completar alguma tarefa em sala de aula ou em casa. Assim, a criança se sentirá confiante e sempre motivada a continuar seu aprendizado;
  • Planeje sua aula: Planejar sua aula te traz mais segurança e ideias para realizar em sala de aula. Assim, terá tempo de pensar em atividades e em como se comunicará com os estudantes. Traga atividades lúdicas que ajudem no estímulo da criança, a desenvolver a criatividade, memorização e a concentração, com uma linguagem de fácil entendimento. Atividades com imagens são uma boa opção também;
  • Educadores formados para uma educação inclusiva: É necessário que cada vez mais professores, educadores estejam preparados para lidar com crianças com deficiências cognitivas, a fim de conseguirem integrar esses estudantes em sala de aula.

Inclusão dentro de sala de aula

Em 2008, foi aprovada a Política Nacional de Educação Especial tendo em vista a educação inclusiva, graças à emenda constitucional em convenção da ONU. Essa política assegura um sistema educacional inclusivo em todos os níveis de educação.

De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica de 2008, houve um crescimento nas matrículas de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, em salas de aula comuns no ensino regular. A porcentagem era de 46,8%, e em 2007 passou a 54%, um total de 375.772 estudantes.

No Brasil, se um estudante matriculado em uma escola regular precisar frequentar uma escola especializada, o AEE (Atendimento Educacional Especializado) poderá prestar apoio a esse estudante fora da escola regular. Porém, esse atendimento não substitui a escola regular e é mais uma forma de complemento.

O PNE (Plano Nacional de Educação) regulamenta o sistema educacional e apresenta diversas propostas para a educação inclusiva, que visa estabelecer a Educação Especial como modalidade em todos os níveis educacionais, desde a Educação Infantil até o Ensino Superior, garantindo um suporte em cada etapa de aprendizado.

 

LEI N° 13.005/2014 (PNE) – Meta 4: Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.

Essa lei conta com dezenove estratégias, algumas delas são:
implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos multifuncionais e fomentar a formação continuada de professores e professoras para o atendimento educacional especializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de comunidades quilombolas;  
garantir atendimento educacional especializado em salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados, nas formas complementar e suplementar, a todos (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de educação básica, conforme necessidade identificada por meio de avaliação, ouvidos a família e o aluno;

estimular a criação de centros multidisciplinares de apoio, pesquisa e assessoria, articulados com instituições acadêmicas e integrados por profissionais das áreas de saúde, assistência social, pedagogia e psicologia, para apoiar o trabalho dos (as) professores da educação básica com os (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a exclusão do ensino regular sob alegação de deficiência e promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular e o atendimento educacional especializado;

promover parcerias com instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público, a fim de favorecer a participação das famílias e da sociedade na construção do sistema educacional inclusivo.
Para conferir as estratégias completas e outras metas, acesse o site do PNE.

Uma educação inclusiva vai além de ter estudantes diversos em salas de aula comuns de ensino regular. A inclusão se dá a partir do momento em que estudantes e professores convivem com as diferenças de modo não excludente, mas sim de acolhimento. Onde crianças com deficiências cognitivas tenham total apoio e suporte em seu aprendizado e desenvolvimento em um ambiente que as respeite e entenda suas necessidades e dificuldades, mas também que busque saber quais são suas habilidades e trabalhe com elas.
O primeiro contato de uma criança com o mundo externo, sem ser no âmbito familiar, é na escola, dentro da sala de aula com outras crianças, onde elas se conhecem e começam a desenvolver um sentimento de pertencimento, mas às vezes esse ambiente escolar pode se apresentar hostil para crianças com deficiências cognitivas, por meio de preconceitos ou de uma educação excludente que não se adequa às suas necessidades de aprendizado. Devemos olhar para essa questão e investir na inclusão dentro de sala de aula estruturando as escolas regulares para receber crianças com deficiências cognitivas.

 

Referências Bibliográficas

Instituto Itard
Educação Inclusiva
Jus Brasil
Lyceum
Ministério da Educação
Planalto
Ministério da Educação

 

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