Terapia ABA: O que é e como aplicá-la em sala de aula?

Quando se trata de crianças e adolescentes com autismo, há diversas pesquisas e métodos para auxiliá-los em seu desenvolvimento e aprendizado em sala de aula, mas precisa-se levar em consideração a eficácia e se determinada pesquisa ou método funcionará durante as aulas.

A terapia ABA (Applied Behavior Analysis, em português, Análise do Comportamento Aplicada), estudada desde a década de 1960, é um dos tratamentos mais eficazes e indicados para crianças, adolescentes e adultos com TEA (Transtorno do Espectro Autista). A ABA traz em sua metodologia princípios de comportamento e aprendizagem.

O que é a Terapia ABA?

Segundo o psicólogo Romariz Barros (UFPA e USP), ABA é o ramo aplicado da análise do comportamento, que é uma ciência. A ABA tem produzido conhecimento útil para desenvolver formas de prestação de serviços que visam resolver problemas socialmente relevantes, por exemplo: na gestão de pessoas nas empresas ou instituições públicas; no planejamento de ensino em qualquer nível; nas terapias, incluindo a intervenção aos transtornos do espectro do autismo (TEA).

A terapia ABA é uma ciência aplicada que estuda compreender o comportamento humano e melhorá-lo. O psicólogo, pesquisador e professor norueguês Ivar Lovaas foi o primeiro a aplicar a terapia ABA para o ensino de crianças com TEA. Lovaas acreditava que parte do sucesso da terapia ABA se dava em compreender autismo como um conjunto de comportamentos que permitem ser desenvolvidos através de procedimentos de ensino especial. Esse tratamento é aplicado com base no planejamento para cada pessoa, visando suas necessidades, dessa forma, podem ser trabalhadas habilidades específicas para cada um, ampliando ou reduzindo certos comportamentos e possibilitando mais eficácia no desempenho do indivíduo.

A análise do comportamento aplicada auxilia na independência do indivíduo, fazendo com que consigam executar atividades com autonomia, melhorando sua qualidade de vida. Na terapia ABA, é ensinado os comportamentos sociais, como contato visual, comunicação funcional, comportamentos acadêmicos, que auxiliam na leitura, escrita e na matemática e higiene pessoal. Além disso, é reduzido os comportamentos negativos, como agressividades física e verbal, autolesões e as fugas.

A ABA estuda o comportamento humano em sociedade e analisa para explicar a relação entre comportamento, ambiente e aprendizagem, utilizando práticas de repetição e esforço, tendo como objetivo melhorar as capacidades cognitiva, motora e na integração social, reforçando comportamentos positivos. Essa ciência aplicada trabalha múltiplos comportamentos, ensina habilidades úteis ao dia a dia e pode ser aplicada em casa, escolas, clínicas e espaços compartilhados.

O sucesso da terapia ABA se dá pela maneira como se aplica aos indivíduos com TEA, pois trabalha-se de forma intensiva e diária, com o objetivo de minimizar os comportamentos negativos e ressaltar os comportamentos positivos, ensinando habilidades oportunas ao dia a dia.

A aprendizagem sem erros é uma das bases da terapia ABA, que utiliza o treino na aquisição em novas tarefas, de acordo com as respostas da pessoa por meio de dicas. É importante que se retire de forma gradual os níveis de dicas apresentadas, para que não se crie uma dependência aguardando sempre a mesma dica. No início, deve-se começar com a dica maior e depois diminuindo os níveis das dicas, até obter a resposta certa e de maneira independente. Caso não haja a resposta correta, deve voltar para a dica maior. Dessa forma, a aprendizagem sem erros diminui os atrasos na aprendizagem e desenvolvimento.

A terapia ABA para quem tem TEA faz com que a criança e o adolescente tenham a capacidade de reproduzir em ambientes e para pessoas diferentes o que foi aprendido dentro da terapia, por meio de comportamentos de imitação.

Uma pessoa com o espectro do autismo tem mais dificuldade em realizar tarefas cotidianas, por isso esse método ajuda na aprendizagem e fixação da tarefa, fazendo com que a pessoa crie independência e consiga realizar sozinha as tarefas.

Como aplicar a terapia ABA em sala de aula?

Como já citado anteriormente, a terapia ABA pode ser aplicada em diversos ambientes e a escola é um dos ambientes onde é possível a aplicação.

Para a aplicá-la em sala de aula, é importante ter profissionais qualificados e dispostos a sempre buscarem aperfeiçoamento e instituições de ensino que invistam na formação continuada de seus professores nas escolas regulares.

Além disso, há algumas estratégias que podem ser postas em prática no dia a dia em sala de aula, para auxiliar no aprendizado de estudantes com TEA. São elas:

·        Estímulos visuais:

No dia a dia em sala de aula, sempre há uma programação pedagógica para as tarefas a serem realizadas. Quando professores estão lidando com crianças com transtornos do espectro autista, é mais fácil trabalhar com a linguagem visual. Coloque cartazes nas paredes da sala de aula com os direcionamentos de cada tarefa e atividade, sempre acompanhadas de ilustrações. Então, quando a criança precisar realizar alguma tarefa ou atividade, direcione a essas programações visuais. E quando o estudante for adolescente, pode ser feita uma lista de tarefas.

·        Reforço positivo:

O reforço de comportamentos positivos é importante; o professor deve sempre reforçar as regras para os estudantes de modo claro e, para que se obtenha resultados, o professor pode oferecer mimos e brindes para a criança cada vez que ela cumprir alguma regra.

·        Representação em sala de aula:

Como já citado, na terapia ABA, reforça-se e acentua os comportamentos positivos diminuindo os comportamentos negativos, dessa forma, em sala de aula o professor pode usar o ambiente ao seu favor, configurando um ambiente propício para certos comportamentos e atitudes. O professor pode facilitar o uso dos materiais que serão utilizados em sala de aula, deixando-os mais acessíveis, inibir as áreas que podem causar perturbação ou serem perigosas para a criança, facilitar o trânsito do estudante até sua carteira, entre outras estratégias. Nesse caso, o professor precisará de planejamento. Essa estratégia pode estar aliada ao primeiro tópico dos estímulos visuais, inserindo as dicas visuais de comportamento nos cartazes.

·        Antecipação:

Quando o estudante tem dificuldade em determinada disciplina, o professor pode preparar o conteúdo para pré-ensinar o estudante antes da aula. Se a disciplina depender de algum material extra, apresente-o com antecedência, para que o aluno já vá se familiarizando com o conteúdo. Essa estratégia de antecipação também funciona com períodos do dia, como a saída ao recreio, o professor pode orientar o estudante sobre as regras e quais são os comportamentos esperados para aquela situação.

·        Atribuição de tarefas em sala de aula:

A atribuição de tarefas pode ser para todos os alunos. Deixar com que o estudante se sinta importante, atribuindo uma tarefa a cada aula, escolher um ajudante do dia. O estudante pode ajudar o professor a entregar alguma folha de atividade para os colegas, entre outras tarefas.

·        Monitoramento das estratégias:

É importante que o professor acompanhe e monitore cada estratégia posta em prática em sala de aula, a fim de constatar o que está funcionando ou não, se o estudante está se desenvolvendo ou não. Assim, o professor consegue aprimorar suas estratégias e manter ou excluir alguma delas.

Em sala de aula, o professor deve atentar-se quanto às necessidades de seus estudantes, e quando se trata de uma criança ou adolescente com transtornos do espectro autista, a atenção deve ser redobrada. A instituição de ensino, juntamente com pais, responsáveis e professores, deve acompanhar esse estudante e verificar se alguma modificação no ensino será necessária, como ajustes no material didático, priorizar algum conteúdo específico para a aprendizagem e/ou a elaboração de um currículo didático e pedagógico paralelo. É importante a parceria de um analista do comportamento nas escolas para auxiliar os professores.

Com planejamento, definição de objetivos, organização e uma rede de apoio, tendo como aliados pais, responsáveis, professores e escola, é possível obter sucesso no desenvolvimento e aprendizagem de crianças e adolescentes com TEA, porém de nada adianta se a terapia ABA não for aplicada de maneira intensiva. A terapia ABA pode ser aplicada de 20 a 40 horas semanais.

Referências Bibliográficas

ABA Fora da Mesinha
Aprenda Autismo
Autismo em Dia
Clínica Neurokids
Clínica Neurokids
Estadão
Faculda Deide
Grupo Conduzir
Grupo Conduzir
Nova Escola
Núcleo do Conhecimento
Sala de Recursos
Sinopsys Editora

Deixe um comentário